O brasileiro está consciente sobre os riscos de sair de casa e 67% da população voltaria a frequentar eventos fora de casa apenas após serem vacinados contra o COVID-19. O dado faz parte do novo estudo da Hibou, empresa de pesquisa e monitoramento de mercado e consumo, em parceria com o Hub Cultural, que traçou o Panorama Cultural do Brasil com informações sobre o consumo de cultura dos brasileiros, antes e durante a pandemia, dentro e fora de casa.
Entre os principais estímulos para o retorno aos passeios culturais, ¼ dos entrevistados sairia de casa seguindo cuidados como protocolos de biossegurança (25%), limite de pessoas nos locais de visita (24%), apenas com remédio para tratar o COVID-19 (23%), higienização completa do local (21%), tapete de higienização na entrada (8%) e liberação do governo (8%).
Foram ouvidos 1726 brasileiros em entrevistas digitais, englobando todas as faixas etárias, com renda entre até R﹩ 3 mil e mais de R﹩ 20 mil, sendo 59% mulheres e 41% homens. O estudo considerou pessoas do Brasil inteiro, sendo 49% da região Sudeste, 20% do Nordeste, 16% do Sul, 8% do Centro-Oeste e 7% do Norte.
Quando a aglomeração ainda era permitida, 48% tinha o hábito de ir à shows presencialmente, 39% iam ao teatro, 75% assistiam filmes no cinema e 35% frequentavam museus. “Sabemos que o brasileiro gosta de atividades culturais e, mesmo tendo o fator financeiro como impeditivo em muitos casos, se possível, ao menos um cinema sempre figurou na lista de entretenimento fora de casa por aqui”, afirma Ligia Mello, sócia da Hibou.
Atualmente, para 15% dos entrevistados o isolamento social já acabou, outros 46% acreditam que a quarentena deve terminar em 2021 e 35% não souberam opinar. Ao serem questionados sobre o retorno às atividades culturais presenciais, mesmo com pandemia, na contramão das indicações sanitárias, 7% afirmaram que já estão frequentando eventos culturais de naturezas diversas fora de casa. Por outro lado, 42% não sabem quando pretendem retomar as atividades culturais.
Ao pensar em reunir família ou amigos para programas culturais, as primeiras opções que veem à cabeça dos brasileiros são: cinema, teatro, museu, show, música, exposição, viagem, locais históricos e parques, entre outros. A pesquisa apontou também que 6 em cada 10 pessoas acreditam que cultura é importante e precisa ser imparcial, já que 64% enxergam o entretenimento cultural como algo essencial. Além disso, 56% acreditam que essas atividades não devem incentivar o preconceito e 48% concorda que toda a forma de expressão deve ser respeitada. 36% acreditam que consumir cultura é a melhor forma de apreciar a vida.
O cinema (75%) lidera a lista dos locais que eram mais visitados antes da pandemia, seguido de shoppings (72%), restaurantes e padarias para almoço (72%), restaurantes ou bares para happy hour no jantar (67%), parques públicos (64%), shows (48%), teatros (39%), entre outros. Em relação ao dinheiro investido em programas culturais no geral, antes da pandemia, confira no gráfico abaixo qual era o gasto mensal do brasileiro:
Após a pandemia, 45% deve manter a mesma faixa de valor, 29% não souberam avaliar, 14% pretende diminuir e 12% vão aumentar o investimento nessa área.
Por fim, de maneira geral, o brasileiro enxerga a importância da cultura no seu dia a dia e vê o Governo como um importante incentivador, já que 75% acredita que investir em cultura traz retornos essenciais à sociedade, nos âmbitos social, educacional e humanísticos. 69% apoia o incentivo à cultura, 72% acha que deve ter incentivo do governo e 65% acha a mesma iniciativa deve vir também do setor privado.
“Os números de apoio à cultura no Brasil são muito relevantes. Com base nisso, podemos afirmar o que consumo desse tipo de entretenimento é um caminho interessante para se relacionar com o brasileiro em diversas esferas”, completa Ligia Mello.
Atividades com os filhos
A rotina se tornou ainda mais intensa com a pandemia para os que possuem filhos. A pesquisa abordou também as opções dos pais para o entretenimento das crianças pensando na vida normal antes e pós quarentena. Entre os principais números, 84% optarão por parques públicos, 74% cinema, 72% shoppings, 56% atividades infantis em shoppings, 41% teatros, 39% clubes recreativos, 30% museus e 28% shows, entre outros.
Trazendo esse olhar para o adolescente, a principal preocupação dos pais é com a segurança. Ou seja, eventos nos quais os filhos podem ir sozinhos ou acompanhados, antes e após a pandemia. Os números mudam um pouco, já que 79% prefere shoppings, 73% cinema, 58% parques públicos, 34% shows, 31% clubes recreativos, 30% eventos ou jogos esportivos, 15% teatros e 15% museus, entre outros.
Entretenimento em casa
Como forma de entretenimento, as famosas lives ocuparam um papel importante na vida dos brasileiros durante o confinamento. No entanto, 36% da população já cansou de acompanhá-las, 12% as assistiu e não gostou, 39% não se familiariza com o formato e 13% passou a gostar e acompanhar sempre. Ponto positivo para as lives é que trouxeram visibilidade para artistas desconhecidos e, com isso, 10% da população a descobriu novos artistas, enquanto 7% apenas acompanha as apresentações dos mais famosos.
Em relação ao hábito de ler, 52% amam comprar livros em livrarias, 46% dos entrevistados têm mais de 50 livros em casa e 23% consumiu mais livros em função da pandemia. Para os amantes de música, 55% não têm um gênero preferido, mas aprecia boa música, 43% prefere utilizar o celular para ouvir música, 31 % assina serviços de streaming e 37% monta playlists nesses aplicativos de música. Outros 25% aproveitam o tempo em casa para descobrir novos artistas em seus gêneros preferidos. Apenas 2% não escuta música.