Cotidiano

8 mil alunos estão sem poder ir à escola

Suspensão do transporte escolar, iniciada na semana passada pelos donos dos veículos, prejudica ano letivo no interior do Estado

Devido à falta de transporte escolar, cerca de oito mil estudantes que moram em vicinais e demais locais distantes das escolas em todo o Estado estão há duas semana sem ir para a escola. Os proprietários das frotas de veículos responsáveis pelo serviço paralisaram as atividades no dia 03, alegando que o Estado deve cerca de R$18 milhões para eles referentes a atrasos que se arrastam desde o ano de 2012.
Os cinco filhos da dona de casa Gracilene Lima estão sem frequentar às aulas na Escola Estadual José Pereira de Araújo, na região do Roxinho, no Município de Mucajaí, Centro-Sul do Estado. “O ano letivo será prejudicado, pois eles terão que repor aula durante as férias. Os professores não vão conseguir dar todo o conteúdo até o final do ano”, reclamou.
Ainda no Roxinho, a dona de casa Rosimeire Lima, mãe de cinco filhos que também estudam na Escola José Pereira de Araújo, relatou que a unidade de ensino está com as portas fechadas. “Todos os alunos dependem de transporte escolar, pois moram em regiões distantes e de difícil acesso. Essa situação é desmotivadora, pois a maioria já planejava as férias”, afirmou.
Uma funcionária pública que pediu para não ser identificada relatou que chegou a entrar em contato com o empresário responsável pelo transporte escolar daquela região. “O serviço foi paralisado de um dia para o outro, sem nenhum aviso prévio. Resolvi entrar em contato com o dono da frota e ele me informou que eles só iriam retomar as atividades mediante pagamento dos meses em atraso”, explicou.
Conforme um empresário, representante dos donos das frotas de veículos responsáveis pelo transporte escolar, que preferiu não se identificar, o governo contratou 463 veículos de 44 empresas para transportar cerca de oito mil estudantes em todo o Estado. Ele relatou que a Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) deve pagamentos em atraso dos anos de 2012 e 2013, além dos meses de agosto, setembro e outubro deste ano.
“Estávamos trabalhando sem a garantia de que receberíamos o pagamento. Alguns fizeram empréstimos, penhoraram bens para manter os veículos em funcionamento. Cansamos de esperar e correr atrás do governo. Se quiserem, estamos aqui, abertos a negociações”, disse o empresário ao destacar que o Estado deve cerca de R$18 milhões referentes aos pagamentos em atraso.
SEED – A assessoria de comunicação da Seed informou que, em reunião realizada na semana passada com os representantes dos empresários do transporte escolar, o governador Chico Rodrigues (PSB) se comprometeu que fará o pagamento de todas as faturas atrasadas relativas a sua gestão, iniciada no dia 4 de abril, cumprindo assim com a determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Informou que o governador se comprometeu que serão emitidos empenhos correspondentes aos dias que faltam para conclusão do ano letivo 2014, sem prejuízo para nenhum estudante da rede pública. “Quanto ao calendário escolar, a Seed informa que as escolas que têm alunos que dependem do transporte escolar estão trabalhando calendário alternativo, com estudo dirigido, a fim de não causar prejuízo intelectual ao alunado e fazer cumprir os 200 dias letivos”, diz a nota enviada à Folha. (I.S)