De acordo com os Procons da Assembleia Legislativa de Roraima e do Estado, o servidor público vem sofrendo bastante para pagar suas dívidas.
A estimativa, apontada por eles é de que cerca de 80% de todos os servidores de Roraima estão endividados devido crédito consignado e, por se tratar do tipo de dívida que é paga através do desconto direto na folha de pagamento, esses usuários acabam contribuindo para a parcela da população brasileira hoje denominada como ‘superendividada’.
Para o coordenador-geral do Procon Estadual, Lindomar Coutinho, essa parcela tão grande é um reflexo de bancos que acabam colocando seus clientes em uma série de dívidas, com ofertas que visam tentá-los a continuarem pedindo empréstimos.
“Esse é um problema seríssimo. Como essa situação ocorre? Os bancos oferecem ofertas, por exemplo, de reduzir uma dívida em 30% em troca de realizar outra. Isso deixa o servidor em um loop de dívidas sobre dívidas, criando o superendividamento”, detalhou.
Lindomar também acrescentou ser importante a educação financeira para a população, pois, na sua visão, a falta de orientação sobre economia faz com que o atual cenário, de crise financeira, seja agravado devido a uma população que se encontra endividada por querer sair de uma dívida criando outra.
“Quando o servidor é efetivado, geralmente, a primeira coisa que ele vai querer é trabalhar para melhorar suas condições de vida. Então ele busca financiar uma casa, um veículo, quer iniciar um projeto, cartão de crédito, coisas nesses aspectos. Só que infelizmente temos uma cultura em que as pessoas não são educadas financeiramente”, complementou.
Já o advogado do Procon Assembleia, Samuel Weber, possui uma visão diferente em relação ao motivo de tantos servidores acabarem endividados. Para ele, o problema financeiro é gerado pela esfera pública que, em alguns casos, atrasa pagamentos.
“O servidor negativado é uma constante no estado. E os motivos são diversos. Entretanto, o principal diz respeito a atrasos de salários, que resultam em financeiras que negativam o nome dos clientes por causa do dia de pagamento registrado. Temos os casos ainda do não repasse dos descontos da folha de pagamento para as financeiras, o que gera outro grande problema”, explicou.