Cotidiano

A vida é tema do Grito dos Excluídos

Evento paralelo à programação oficial do Dia da Independência reuniu lideranças de movimentos sociais, sindicatos e Igreja Católica

Cerca de 500 pessoas participaram, na manhã de ontem, da 21ª edição do Grito dos Excluídos, evento que reúne várias entidades sociais e sindicais de todo o País. A concentração dos manifestantes ocorreu na Praça do Centro Cívico, na tribuna Advogado Hesmonge Granjeiro, em frente à Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).

De acordo com o coordenador-geral do evento, Danilo Correia, a ação teve como objetivo fazer uma reflexão sobre as lutas contra as desigualdades sociais no Brasil, ressaltando princípios como liberdade, respeito às diferenças e valorização a vida e da cidadania.

“É um evento que acontece todo ano, tendo como tema de 2015 a ‘Vida em Primeiro Lugar’. Dentro desse contexto, são promovidas várias temáticas de interesse público, como a questão da má distribuição da terra no Estado, o tráfico humano e melhorias na educação, onde nós temos greves tanto de profissionais indígenas quanto dos professores do Estado, além da preservação do meio ambiente, entre outros. Ou seja, são vários assuntos que precisam ser discutidos com as organizações públicas e que a sociedade precisa tomar conhecimento”, frisou.

Participaram da ação entidades como a Diocese de Roraima, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sindicato dos Urbanitários de Roraima (Sindur), Movimento Puraké, Seção Sindical dos Docentes da UFRR (Sesduf), lideranças estudantis, entre outros.

Para a Irmã Telma Lage, o protesto é uma forma de dar voz e vez para quem mais precisa de apoio: movimentos sociais, pastorais e sindicatos, que têm demandas muito sérias que fazem parte da vida de uma grande parcela da população e que não aparece no desfile oficial, segundo ela. “Nosso objetivo é conseguir construir redes. Os movimentos que antes trabalhavam e lutavam sozinhos conseguem agora ir se agrupando porque a luta é comum, essa busca de cidadania é para todo mundo”, explicou.

Partindo da Assembleia Legislativa, o percurso da caminhada dos manifestantes envolveu ainda o Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR), sendo finalizado na Praça da Cultura, atrás do Mini-Terminal Luis Canuto Chaves, na Avenida Cap. Ene Garcez.

“Hoje, nós temos greves da UFRR, Instituto Federal de Roraima, do INSS, dos professores da rede estadual de ensino, dos professores indígenas e outras categorias. Ou seja, nós temos greve para todos os lados. Então, nós só precisamos unificar tudo isso aqui e fazer um grito só”, ressaltou o presidente da Central Sindical e Popular (CSP Conlutas), Antônio Neto.

Para dar maior seriedade às manifestações, um boneco gigante, feito pelo artista plástico Bartolomeu da Silva, o Bartô, acompanhou o protesto do Grito dos Excluídos. Segundo o artista, o boneco representa sentimentos presentes na sociedade atual, como a insatisfação, a injustiça social, a indignação de quem estava hoje questionando sobre a verdadeira independência do Brasil. “Só quem tem essa independência são os políticos. Vamos comemorar o quê? Portanto, o boneco representa a indignação do povo”, pontuou.

Danilo Correia ressaltou que a ações do Grito dos Excluídos terão continuidade em outras datas ao longo do ano. A intenção é fortalecer os laços entre as entidades, formando uma teia de interesses comuns com todos os movimentos sociais do Estado.  

“Terminaremos com o Grito da Educação e vamos construir uma grande teia, que vai passar por diversas ações durante o ano. Essa teia estará presente na Romaria de Aparecida, no dia 12 de outubro e nas mobilizações de sindicatos, para reafirmar que essas pessoas têm voz e precisam que suas vontades sejam aceitas”, frisou. (M.L)