A Câmara Municipal de Boa Vista (CMBV) promove hoje, 06, a partir das 9h30, uma audiência pública para tratar da situação de abandono de animais domésticos na Capital. Segundo o médico veterinário Rodrigo Brasil, dados apontam que somente no ano passado o município registrou aproximadamente três mil ocorrências de acidentes envolvendo animais domésticos, um problema que tem preocupado os profissionais de saúde.
“Todas essas informações foram baseadas no banco de dados do próprio sistema público de saúde, que é responsável por realizar as notificações das unidades de saúde. Em comparação a anos anteriores, os dados de 2016 apontam uma preocupação maior da sociedade em relação a essa temática, principalmente depois daquele triste episódio do adolescente que morreu em decorrência do vírus da raiva”, disse se referindo a um garoto que morreu ao contrair a doença ao ser mordido por um gato.
“Antes, as ocorrências envolvendo animais, seja um ferimento causado por mordida de um cão ou um arranhão provocado por um gato, eram tratadas como algo sem importância. Fora isso, também temos os casos de acidentes de trânsito envolvendo animais que estão soltos nas ruas, provocando afastamento de pessoas e, no pior dos casos, mutilações ou sequelas irreversível, tornando esse problema algo que vai além da questão envolvendo a saúde pública”, destacou.
Um documento contendo a assinatura das entidades participantes deverá ser formalizado após o término das discussões. Segundo a coordenadora da Associação de Proteção Animal Yawara, Débora Almeida, a ideia é estabelecer normativas que integrem todos os entes públicos, delimitando as atribuições de cada um deles na questão.
“Para nós é um grande passo estabelecer essa comunicação com as entidades públicas, por meio do apoio da Câmara Municipal. É um problema que deve ter a atenção de todos, pois a cada ano a gente tem o aumento dessa população desses animais, muitos deles com donos, mas que estão ai abandonados a própria sorte”, destacou.
Para Virgínia Ganbur Pibri, voluntária da Associação Roraimense de Cuidado Animal (Arca), a iniciativa fortalece ainda mais as ações das ONGs de proteção animal no Estado, uma vez que abre um canal de diálogo com o poder público e com a sociedade. “A gente não consegue lidar com essa situação tão grande sozinhos, mesmo tendo uma quantidade de ONGs boas em Boa Vista. Abrindo esse espaço, fica mais fácil chegar a um entendimento de como cada entidade, seja pública ou privada, pode se integrar nessas ações que são de fundamental importância para a nossa cidade”, salientou.
CÂMARA – Conforme um dos idealizadores da ação, vereador Renato Queiroz (PSB), a ação visa discutir o cumprimento de normativas que auxiliem na diminuição de problemas causados pela excessiva quantidade de cães e gatos soltos nas ruas da cidade.
“É um assunto que diz respeito a todos os atores da sociedade, uma vez que essa problemática afeta a vida de todos. Inicialmente, nós fomos procurados pelas ONGs que fazem trabalho de acolhimento de animais domésticos, realizamos a coleta de dados junto aos órgãos do município e, logo após isso, eu, juntamente com os vereadores Professor Linoberg (REDE) e Rômulo Amorim (PTC), apresentamos um requerimento solicitando a realização dessa audiência pública, que é vital para que possamos resolver de vez esse problema”, disse Queiroz.
Além da questão populacional de cães e gatos, a atividade deve discutir assuntos como a não efetivação da lei municipal 1.607/2015, que trata do controle de animais domésticos, do Centro de Zoonose da Capital e do papel das instituições públicas na questão.