Acadêmicos de Psicologia, Antropologia, História e outros cursos da Universidade Federal de Roraima (UFRR) ocuparam ontem o Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena, localizado no Campus Paricarana. Eles fazem parte do movimento Ocupa Insikiran em protesto contra a Proposta de Emenda à Constituição, a PEC 55 (antiga PEC 241), que impõe limite aos gastos públicos. Esta é a primeira unidade educacional do Estado ocupada como forma de protesto contra as medidas do governo Michel Temer (PMDB).
No Brasil, são 194 instituições de ensino superior ocupadas, conforme informações da União Nacional dos Estudantes (UNE). Escolas também foram ocupadas por alunos da rede pública, que além da PEC do limite de gastos, são contrários também à Medida Provisória (MP) 746 que propõe uma reforma ao Ensino Médio. Em Roraima, a organização do movimento informou que a ocupação ocorrerá até manhã desta sexta-feira, mas há discussões para que passe a ser por tempo indeterminado, visando lutar por direitos garantidos na Constituição Federal.
Aulas abertas para a comunidade em geral serão realizadas durante o período de ocupação para esclarecimentos sobre as medidas que estão em processo de aprovação no Legislativo federal. Os manifestantes temem que o congelamento dos investimentos públicos prejudique o acesso da população não apenas ao sistema educacional, mas também à saúde e outros serviços necessários, como segurança pública.
A preocupação deles é que os investimentos serão reajustados apenas de acordo com a inflação do ano anterior sem considerar o crescimento da população, o número de estudantes que ingressarão na rede ensino, as pessoas que passarão a precisar de atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) e o crescimento da criminalidade. “A população de estudantes vai crescer e os investimentos não. Não teremos escolas e universidades para todos”, protestou a acadêmica integrante da Comissão Organizadora do Ocupa Insikiran, Patrícia Araújo.
O movimento conta com a participação de professores da UFRR e durante a noite passada seguiu uma programação que envolveu, além de aulas de esclarecimentos sobre as medidas do Governo, atividades culturais e rodas de discussões para a elaboração de uma carta para a sociedade roraimense.
Educação, saúde e direitos dos indígenas também foram discutidos. Eles protestam também sobre as discussões que propõem o fim das universidades gratuitas no Brasil.
“As aulas foram para orientar sobre as medidas do Governo e os impactos negativos que elas causarão à sociedade. Queremos conscientizar e incentivar a população sobre o movimento em prol dos nossos direitos que estão ameaçados, principalmente com a PEC 55”, disse Patrícia ao dizer que a realização de concursos públicos também estará ameaçada com as novas medidas do Governo Federal.
UFRR – Em nota, a Gestão Compartilhada da UFRR reconhece que o movimento é legítimo. No entanto, lembra aos manifestantes da importância da preservação do patrimônio público, ou seja, não danificá-lo, bem como, respeitar o direito de quem não adere ao movimento, dando-lhe permissão do ir e vir nas dependências da Instituição. (A.D).