Cotidiano

Ação conjunta da PF e Ibama cumpre 98 mandados judiciais em Roraima

A operação deflagrada nos estados de Roraima, Amazonas, Rondônia e São Paulo combate a extração ilegal de ouro e pedras preciosas em região de terra indígena

Representantes da Polícia Federal de Roraima (PF), Polícia Militar de Roraima (PMRR) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizaram uma coletiva de imprensa, na manhã de hoje, 7, para dar detalhes sobre a ação desenvolvida durante esta quinta-feira, que trata sobre o combate a extração ilegal de ouro e pedras preciosas na terra indígena Yanomami em Roraima, a Operação Warari Koxi.

O encontro ocorreu por volta das 09h30, na Superintendência Regional da PF em Roraima, na Avenida Brasil, 551, bairro 13 de Setembro e contou com a presença da responsável pela operação na PF, a delegada Denisse Dias, o Delegado Regional de Combate ao Crime Organizado da PF, Alan Robinson e a superintendente substituta do Ibama, Gabriella Cardoso.

Segundo informações dadas pelo delegado Alan Robinson, a operação foi iniciada simultaneamente às 06h da manhã nos estados de Roraima, Amazonas, Rondônia e São Paulo, local onde estaria o financiador da ação de extração.

O objetivo da operação é cumprir 313 mandados judiciais, 98 somente em Roraima, além de desmantelar a organização criminosa que lida com ouro ilícito, retirado principalmente da terra indígena Yanomami e que depois é lavado e comercializado até chegar nas distribuidoras de títulos e valores mobiliários em São Paulo. Dos 98 mandados, a maioria é de busca e apreensão e condução coercitiva; e um mandado de prisão.

Conforme a delegada Denisse Dias, o inquérito está direcionado em verificar o ciclo da indústria do ouro ilegal que existe em Roraima. “Para isso, a gente teve que atuar nas três frentes, os executores que são as pessoas que retiram o ouro na região da terra indígena Yanomami; os intermediários que são aqueles que captam esse ouro e fornecem sumos para que os executores possam realizar essa lavra, concentram esse ouro até passar para a os financiadores, localizados nos grandes centros”, informou.

A extração ilegal do ouro resultou na degradação ambiental da área indígena e também da própria cultura Yanomami. A atuação do Ibama, segundo a superintendente Gabriella Cardoso foi de parceria na operação. “Há uma degradação por conta da lavradura ali e nós estamos no local atuando para combater o ilícito nesta área. A operação ainda está ocorrendo e o pessoal do Ibama está na área para trazer mais informações”.

Robinson comentou ainda sobre as dificuldades de se realizar uma operação deste porte no Estado. “São mais de 150 policiais na atuação, além de servidores e helicópteros do Ibama atuando nos ambientes. A gente precisa de efetivo de várias unidades de outros lugares do país, que vieram até Roraima e para chegar na terra indígena Yanomami, extremo Norte do Estado, nós sabemos que não há estrada, não há uma rodovia, então foram usadas aeronaves da PF e do Ibama, trabalhando em conjunto para chegarmos aos pontos mais importantes”.

Além da atuação na área indígena, a operação também realizou uma fiscalização nas casas de vendas de ouro, em Boa Vista, com a aprensão de documentos que possam facilitar a investigação.

“Nós estamos nas lojas notoriamente conhecidas na compra do ouro em pequenas quantidades, mas a gente sabe que essas compras culminam em grandes quantidades que são levadas para as distribuidoras. Durante a investigação, foi apurado uma movimentação atípica de recursos no montante de R$ 1 bilhão de reais”.

Houve também a condução coercitiva de cinco servidores públicos do Estado, além do afastamento de dois servidores públicos, inclusive de um gestor da Frente de Proteção Yanomami Ye’kuana, envolvido, segundo a investigação aponta, na prática criminosa.

Com informações de Minervaldo Lopes

Matéria completa na edição da Folha impressa de amanhã, 8.