Cotidiano

Ação da Polícia Militar exibida em vídeo provoca polêmica na internet

Família de rapaz detido por estar sem capacete diz que vai denunciar o caso no Ministério Público e na OAB

Um vídeo que mostra a abordagem de vários policiais militares a um motociclista em uma residência no bairro dos Estados, zona Norte da Capital, gerou polêmica na internet e aplicativos de mensagens instantâneas, esta semana. Várias pessoas, inclusive a família do envolvido, questionaram a ação da PM.
A gravação de quatro minutos mostra a ação de equipes da Polícia Militar ao quebrar o portão da residência e fazer a imobilização e condução do rapaz, que momentos antes estava com outro amigo conduzindo uma motocicleta na garupa sem capacete.
Segundo a aposentada Dirlene da Costa Pinha, de 56 anos, dona da casa, os gritos dos familiares no momento da abordagem, por volta das 07 horas de sábado, 18, assustaram a vizinhança. “Não estava entendendo nada. Quando vi os carros de polícia e vários policiais dentro da minha casa, eu me assustei. Os PMs arrombaram meu portão e agrediram meu filho”, relatou.
Segundo la, a explicação dada pelo seu filho, que estava na moto, era que, ao sair de uma festa, iria retornar para casa de carona com um amigo, mas sem capacete. A razão pela falta de uso do dispositivo de segurança seria que os dois retornavam da festa ocorrida em uma boate na zona Leste, onde houve um atropelamento de quatro pessoas. O condutor da motocicleta também sofreu escoriações e, com a confusão por conta do acidente de trânsito, os dois capacetes teriam sido roubados. Foi quando eles decidiram retornar sem o uso do item obrigatório.
No momento do trajeto, ao chegar próximo à residência, uma equipe policial, ao perceber a atitude suspeita, solicitou que os dois homens parassem, ato que não foi atendido. Conforme a aposentada, os jovens estariam com medo de uma abordagem truculenta da polícia, por isso teriam tomado a decisão de continuar o caminho até em casa.
Ao chegarem à residência, os dois teriam entrado na garagem, fechado o portão da casa e virado a motocicleta com a placa para o portão, entrando em uma discussão com os policiais, ao solicitar que os agentes produzissem as multas e penas cabíveis para a infração de trânsito.
Pouco tempo depois, cerca de cinco viaturas da Polícia Militar chegaram ao local, momento em que adentraram a residência. Ao perceber a grande movimentação dos policiais, ela pensou que o filho havia feito algo mais grave. “Achei que ele tinha feito algo de errado, mas não achei que fosse por causa de um capacete. Parecia uma operação para se prender bandido de alta periculosidade”, disse.
O filho de Dirlene, o técnico em informática André Heller, que foi conduzido à delegacia pelos policiais, denunciou que foi agredido durante todo o percurso até o 5° Distrito Policial, na zona Oeste. “Fui agredido o caminho inteiro. Dois policiais me amarraram e ficaram me dando soco na cara. Não paramos no momento da abordagem porque ficamos com medo. Infelizmente, aqui em Roraima a polícia bate e depois pergunta. Foi isso que acabou acontecendo. A moto não era roubada, apresentamos o documento e a placa. Nosso único erro foi ter andado sem capacete”, frisou.
A mãe do jovem comentou que registrou um Boletim de Ocorrência e pretende se dirigir ao Ministério Público e à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para procurar pelos seus direitos. “Quero saber se a polícia tem o direito de fazer isso”, frisou.
PM diz que havia denúncia do uso da moto em assaltos
O Comando-Geral da Polícia Militar informou, por meio de nota encaminhada pela Secretaria de Comunicação do Governo do Estado, que a respeito do vídeo que circula nas redes sociais envolvendo uma abordagem policial, imobilização e condução de um cidadão, trata-se de uma situação em que os policiais militares haviam recebido a informação de uma motocicleta que havia sido roubada e que estaria sendo utilizada em assaltos pela cidade.
Conforme a nota, o fato ocorreu quando o rapaz estava conduzindo a motocicleta sem capacete e recebeu ordem de parada dos policiais, mas não desobedeceu, empreendendo fuga e adentrando em uma residência. A ação dos policias se deu em situação de flagrante, conforme o artigo 5º, inciso XI da Constituição Federal de 1988, conforme a nota.
Afirmou que o caso será encaminhado para análise da Corregedoria da Polícia Militar e, se for constatado abuso por parte dos policiais, serão instaurados os procedimentos para sanção disciplinar. “Qualquer cidadão que se sinta prejudicado deve procurar a Corregedoria da PM, que tem a atribuição de apurar fatos relacionados à atuação de policiais militares durante serviço. A Corregedoria funciona nas sede do Comando-Geral, localizado Avenida  Capitão Ene Garcez, 1769, Mecejana”, diz a nota. (L.G.C)