Cotidiano

Acessibilidade ainda é um desafio para pessoas cegas

Vera Sábio perdeu totalmente a visão aos 15 anos, mas isso não a impediu de conquistar um espaço na sociedade

Com a finalidade principal de diminuir o preconceito e a discriminação, o Dia Nacional do Cego, foi instituído no dia 13 de dezembro. Além de abordar temas como respeito, a data se pauta principalmente na falta de acessibilidade.

A deficiência visual pode ser definida como a perda total ou apenas parcial da visão. Esse problema, que pode ser congênito ou adquirido, representa, para muitos, uma grande limitação. Entretanto, diversas técnicas de aprendizagem e de inserção no mercado de trabalho permitiram que a deficiência visual se tornasse apenas um pequeno detalhe diante da capacidade de seus portadores.

Vera Sábio, perdeu totalmente a visão aos 15 anos, mas isso não a impediu de conquistar um espaço na sociedade. Vera é servidora pública concursada do Tribunal de Justiça há 26 anos, formada em psicologia e autora do livro “Enxergando o sucesso com as mãos”. “Cada capítulo do livro fala de um de meus sentidos, a exemplo da audição, do tato, do olfato, do paladar e mesmo da visão interna diferenciada e de valorização da vida e de meus sentimentos. A obra também traz em cada capítulo um ou dois textos sobre: perdão e família”, disse.

Segundo Vera, a falta de acessibilidade ainda é um problema do dia-a-dia. “Eu tenho algumas dificuldades para andar pela cidade, não pela minha deficiência, mas pela deficiência das pessoas. Por exemplo, se tem um piso tátil ninguém respeita e coloca a cadeira em cima”, conta. 

Apesar das dificuldades, a tecnologia também trouxe facilidades na hora de ler, ouvir e até mesmo falar. Celulares e computadores atualmente, possuem a opção de ler mensagens, documentos e até textos escritos a mão, ao tirar uma foto. 

Vera ainda traz uma questão, onde reflete que ser cego é uma decisão, fazendo alusão ao dia de Santa Luzia, protetora dos olhos. “Ser cego é uma decisão e a partir do momento em que fechamos os olhos ou ignoramos tanta coisa a nossa frente. Sentimentos importantes que a visão não alcança, mas o coração carrega”, afirma.


A Prefeitura de Boa Vista informou por meio de nota que trabalha com planejamento para que a acessibilidade seja incluída em todas as obras feitas na cidade

Procurada sobre a acessibilidade na Capital, a Prefeitura de Boa Vista informou por meio de nota que trabalha com planejamento para que a acessibilidade seja incluída em todas as obras feitas na cidade.

“Seja em serviços de infraestrutura, reformas ou construção de prédios públicos, praças, abrigos e terminais de ônibus. Toda obra entregue pela gestão municipal hoje já vem com todas as normas de acessibilidade, previstas em lei, para qualquer pessoa com deficiência, seja de locomoção ou visual, por meio das rampas e piso tátil. Nos últimos dois anos, a prefeitura construiu 78,8 km de calçadas em toda a cidade. Hoje, a capital conta com 100% dos veículos do transporte coletivo com rampas de acesso ou elevadores, garantindo que pessoas cadeirantes possam utilizar os serviços e se deslocar por todos os bairros de Boa Vista. A prefeitura segue mapeando toda a cidade para que os serviços de melhorias cheguem a todas as ruas de Boa Vista”, acrescentou  a nota.

De acordo com últimos dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) de 2010, o Brasil tem 6,5 milhões de deficientes visuais (com limitações e/ou baixa visão). Deste montante, cerca de 582 mil não enxergam absolutamente nada.