Cotidiano

Acidente com criança abre debate sobre instalação de telas nas janelas

Por não haver obrigação por lei, recomendação é que pessoas com crianças em apartamentos façam a instalação de telas de proteção nas janelas

Após o acidente envolvendo uma criança de 02 anos, que caiu do terceiro andar de um apartamento, no sábado, 10, no Residencial Vila Jardim, no bairro Cidade Satélite, na zona Oeste, a necessidade do uso de redes de proteção em prédios e condomínios voltou a ser debatida. A criança sobreviveu. Diversos moradores atribuem a responsabilidade do equipamento às imobiliárias e donos dos prédios, enquanto outros dizem que a competência seria dos próprios moradores.

Não existe uma lei específica sobre a colocação de redes de proteção em condomínios. Contudo, a prática de instalar o equipamento se tornou costume por algumas pessoas, principalmente aquelas que possuem crianças pequenas em apartamentos a partir do segundo andar. A gerente de uma imobiliária responsável pelo setor administrativo de dois condomínios em Boa Vista, Daniela De Paula, relatou que não há obrigação de instalação das redes.

“Não podemos gradear toda a janela. O Corpo de Bombeiros não faz a liberação porque, se ocorrer incêndio, por onde as pessoas vão sair? Cada morador deve se responsabilizar para instalar a sua rede”, informou a gerente ressaltando os casos em que os moradores não querem gradear pela ausência de menores. Além disso, para gradear todos os apartamentos, seria necessária uma reunião com todos os moradores, o que não acontece, segundo Daniela.

Um dos condomínios pelo qual ela é responsável tem cerca de 315 apartamentos, mas a gerente afirmou que 15 pessoas é um número alto de presença durante as assembleias gerais para discutir o assunto. Ela frisou que não cabe ao setor administrativo a implantação, mas os interessados na instalação apenas se dirigem à imobiliária e obtém a autorização.

Por outro lado, a subsíndica de um conjunto residencial na Capital, Shirley Rosiany, acredita que os condomínios deveriam ser gradeados. Ela informou que, no contrato, não há uma obrigação de implantar a rede de proteção. Então, cada morador, em especial os que têm criança pequena em casa, procuram se proteger por conta própria. “O problema é que tem muitas famílias sem condições financeiras para instalar esse equipamento. Tem ainda um homem na minha vizinha com problemas de sonambulismo. Toda vez que ele dorme alguém tem que ficar de olho, quando a rede já ajudaria”, disse.

CAIXA – Responsável pelo Residencial Vila Jardim, local onde ocorreu o acidente com a criança, a Caixa Econômica Federal informou que os imóveis foram construídos atendendo às exigências legais de construção, com aprovação nos órgãos fiscalizadores, como Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e Corpo de Bombeiros, no que diz respeito aos itens de segurança. “A utilização de telas de segurança nas janelas é prerrogativa de cada morador”, frisou.

Moradores opinam sobre a implantação de equipamento

Residentes em um condomínio na zona Oeste, João Pinto e Marcele Figueira acreditam que a obrigação da instalação da rede de proteção é de cada morador, até para a segurança de todas as famílias em relação a assaltantes. “É melhor prevenir do que remediar. Tem gente ainda que muda de local porque tem criança em andar alto, ao invés de colocar a grade. Condomínio não é obrigado a colocar, mas cada morador pode fazer sua parte”, relatou o aposentado.

A servidora pública Marcele, mãe de uma menina de 05 anos e moradora no quarto andar de um prédio, disse que para proteger a filha de qualquer acidente as grades foram instaladas nas três janelas do apartamento. “Nem todos têm crianças em casa, então cada um devia cuidar da sua. No meu caso foi preciso, ainda mais por ser tão alto”, ressaltou. A servidora disse que gastou cerca de R$ 850,00 na instalação das três grades, mas frisou que foi necessário.

Para a aposentada Célia Rabelo, a implantação das redes foi necessária por proteção própria. Ela explicou que, após pedir licença do condomínio, colocou as grades por conta própria, pensando também nos netos pequenos que a visitam. “Acho que os condomínios deveriam aderir a isso, principalmente as famílias que têm criança em casa”, disse. (A.G.G)

Moradores do Vila Jardim pedem mais policiamento

Diversas pessoas que moram no Residencial Vila Jardim, no bairro Cidade Satélite, aproveitaram a situação para externar outros problemas na localidade. Eles afirmaram que o conjunto não possui fiscalização e policiamento, por isso ladrões invadem os apartamentos escalando o prédio com auxílio das grades das janelas e outros objetos de concreto.

“Sem contar que eles também arrombam portas e saem com bicicleta e notebook à luz do dia. Como é que a gente sai para trabalhar com medo de ser assaltado dentro de casa?”, lamentou um dos denunciantes. Outro morador informou que instalou a grade para se proteger dos assaltantes. Sem filhos, ressaltou que a preocupação com o patrimônio o fez instalar.

PM – Em nota, o Comando-Geral da Polícia Militar de Roraima informou que o policiamento continua sendo realizado nas zonas Leste e Oeste da Capital. Conforme frisou, viaturas são usadas diariamente no serviço de radiopatrulhamento, corredor comercial e bancário. Além das viaturas de reforço setorial que atuam em todas as subáreas, nas ocorrências de grande vulto e em apoio ao policiamento ordinário.

Citou ainda as viaturas da segunda malha, composta pelas equipes de Força Tática e motocicletas do Grupamento Independente de Intervenção Rápida Ostensiva (GIRO), que reforçam o policiamento em toda a Capital.

A nota esclarece ainda que não há nenhuma posição no sentido de retirar a base móvel do Residencial Vila Jardim. “O bairro Cidade Satélite conta com o policiamento diário e um específico para o referido conjunto habitacional. Inclusive, no início do próximo ano, deverão ser adquiridas novas bases móveis de policiamento comunitário que serão distribuídas para intensificar o policiamento nos locais de presença destas bases”, destacou. (A.G.G)