Ivo Cípio Aureliano ou “Ivo Makuxi”, como é conhecido, é um advogado indígena, de 32 anos, e desde a formação em 2018, integra o Departamento Jurídico do Conselho Indígena de Roraima (CIR), atuando como assessor jurídico.
Especializado em Direito Público, Ivo é membro da comissão de Defesa dos Direitos Dos Povos Indígenas do Conselho Federal da OAB, onde se tornou presidente a partir de 2021, e foi um dos quatro brasileiros selecionados para Edição 2021 do programa de Fortalecimento de Lideranças Globais, o Ford Global Fellowship.
Filho de pai e mãe da etnia Macuxi, Ivo é falante da língua materna e nunca abandonou a cultura da comunidade, e de acordo com ele, ensina sempre que pode outras pessoas a aprenderem a língua Macuxi, por meio do Programa de Valorização das Línguas e Culturas Indígenas na Formação Superior Indígena da Universidade Federal de Roraima (UFRR), como professor voluntário desde 2016.
A partir de 2012 começou a realizar trabalhos voluntários junto a organizações indígenas em contexto urbano.
“Sempre quis ajudar os meus parentes [outros indígenas] que tinham dificuldade de tirar documentos e acessar seus direitos. Vivi a dura realidade na cidade de Boa Vista. A maior dificuldade era de ter condições financeiras para me manter na faculdade durante 5 anos, eu sempre andava de ônibus”, relatou.
Na jornada para a graduação enfrentou dificuldades e esforços, Ivo começou a trabalhar aos 14 anos. Servindo em áreas, como garçom, ajudante de pedreiro e pintor, os objetivos sempre foram o foco do jovem.
“Eu tinha um sonho, estudar e um dia ser advogado e defender o meu povo. Sempre vi o meu povo sendo discriminado e desrespeitado. Por isso, quis conhecer as Leis para fazer a defesa. Sempre sonhei alto. Até aqui vejo que conquistei muita coisa, hoje sou conhecido pelas organizações e lideranças indígenas do Brasil, principalmente da Amazônia”, disse.
O advogado relata que busca ir além na carreira, conhecer novos lugares e expandir sua cultura, buscando sempre combater as desigualdades e construir uma sociedade mais justa.
“Hoje muitos jovens me consideram uma referência, vários indígenas também querem ser advogados. Fico feliz em saber que tenho sido uma referência para muitos jovens indígenas”, finalizou.