Cotidiano

Agentes dizem que não têm como conter rebelião

“Só não teve mais mortes porque fizemos uma revista surpresa”, diz agente

No clima de rebelião que se instalou no Sistema Prisional de Roraima, os agentes penitenciários denunciaram a falta de condições de trabalho. Segundo eles, há muito tempo o Governo do Estado cruza os braços enquanto os profissionais sofrem com a situação.

O estado de tensão continua nas unidades prisionais. “As facções estão em conflito e precisamos do apoio do Governo para trabalhar. No domingo, quando aconteceu a guerra entre as facções na PAMC, que resultou na morte de 10 detentos, só havia três agentes na unidade. Isso é uma vergonha, precisamos de apoio urgente”, disse a vice-presidente do Sindicato, Joana D’arc Moura.

Atualmente, 272 agentes penitenciários atuam no Estado, mas de acordo com Moura, apenas sete agentes, três mulheres e quatro homens, trabalham na Cadeia Pública por plantão, e uma média de oito na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC) o que inviabiliza uma ação efetiva em um momento de rebelião.

“Hoje, durante a rebelião na Cadeia, por muito pouco os agentes penitenciários não se tornaram reféns. Eu não sei o que o Governo do Estado está esperando para agir, não podemos esperar um agente morrer para tomar providências”, disse Joana.

A vice-presidente do Sindape, disse que só não aconteceram mais mortes hoje na Cadeia Pública porque ontem, 19, realizaram uma revista surpresa no local e desarmaram os presos, retirando objetos pontiagudos e materiais que poderiam ser usados como armas.

“Os integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) receberam uma ordem superior para matar os integrantes do CV que estão na Cadeia. Quando os desarmamos, eles não tiveram como cometer os assassinatos e ficaram frustrados. A revolta deles também foi por conta disso”, comentou.

Para ela, o Estado precisa valorizar a categoria e tomar providências. “Não temos as mínimas condições de trabalho, nos falta tudo. Somos a única classe da Segurança que não tem PCCR. Estamos sendo ameaçados constantemente, é impossível viver assim”, concluiu. (B.B)