Cotidiano

Agentes penitenciários reivindicam melhorias e denunciam que trabalham com coletes vencidos

Após a imprensa divulgar a existência da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no sistema prisional de Roraima, os agentes penitenciários do Estado passaram a temer pela própria segurança. Segundo eles, a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) não fornece equipamentos como munição, colete balístico e armamento para a categoria, o que leva muitos a tirarem dinheiro do próprio bolso para aquisição do material. 
Conforme um agente carcerário que preferiu não se identificar, há cerca de dois anos a Sejuc não adquire armamento e equipamentos de segurança para a categoria. “As munições, armas e coletes balísticos que utilizamos foram doados pelas polícias Militar e Civil. Se fôssemos esperar pela Sejuc, já estaríamos mortos há muito tempo”, disse.
O agente destacou que como o equipamento utilizado é resultado de doações, a maioria já não está mais em condições de uso. “Os coletes estão vencidos há três anos. A eficácia dele em caso de um tiro é mínima. Tememos por nossas vidas, pois todos os dias estamos expostos a detentos de alta periculosidade envolvidos com facções criminosas”, frisou.
Para não trabalharem sem equipamento de segurança, os agentes penitenciários tiram dinheiro do próprio bolso para adquiri-los. Eles afirmam que não podem comprar coletes balísticos nem munição, pois necessitam de autorização do Exército.
“O colete que utilizamos não é a prova de balas. Um tiro o atravessaria com facilidade. Somos obrigados a reaproveitar as munições, e a cada vez que elas são reutilizadas a eficácia diminui”, destacou.  
De acordo com o agente, a Sejuc não adquire munição. “Se quisermos trabalhar, somos obrigados a recarregar a munição, pois as polícias Civil e Militar não têm condições de nos reabastecer toda vez que necessitamos. Isso acaba diminuindo a eficácia do produto que, em muitos casos, nem chega a funcionar”, frisou.
SEJUC – A assessoria de comunicação da Sejuc informou, através de nota, que há dois processos em andamento para aquisição dos materiais reivindicados pelos agentes. “Para aquisição de tais produtos necessitamos de uma autorização do Exército, que a emite por meio do Departamento de Fiscalização de Produtos Controlados”, frisou.
A nota informou que o Exército já analisou o pedido e deu parecer favorável e que em até 90 dias esses materiais serão disponibilizados aos agentes. “Esses dois processos em aberto – um para aquisição e outro de concessão via Senasp/MJ – irão atender todo o sistema e prover todas as demandas no tocante a armas, munições e coletes a prova de balas, proporcionando uma melhor condição de trabalho aos agentes penitenciários”, encerra a nota. (I.S)