FABRÍCIO ARAÚJO
Colaborador da Folha
Os agentes socioeducativos do Estado de Roraima esperavam que os sistemas prisional e socioeducativo fossem tomados por uma intervenção federal porque, talvez, assim o problema de salários atrasados chegasse ao fim para quem trabalha nestas instituições. Mas o anunciado durante coletiva na segunda-feira, 26, é que não se tratava de uma intervenção, mas sim de uma gestão conjunta.
Durante a manhã dessa quarta-feira, 28, os agentes socioeducativos foram convocados para uma reunião fechada na Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) e esperavam que fossem prestados esclarecimentos sobre o pagamento dos salários, porém se tratava de uma reunião para discutir estratégias de ação para os agentes e para que as necessidades do sistema socioeducativo fossem avaliadas. Após descobrirem o real motivo da reunião, parte dos servidores optou por abandonar o local.
“Ele veio apenas fazer uma parceria com o Estado, trazendo uma verba federal para comprar combustível e alimentação, sendo que o servidor está sem salário. Nossos filhos estão em casa, nós precisamos de alimentos, precisamos do básico que é nosso salário”, declarou Dorinha Pereira, agente socioeducativa.
Outro ponto de reclamação dos agentes socioeducativos foram as condições de trabalho. Mesmo não sendo o foco das manifestações, os servidores relataram que não há aumento de salário e que não se sentem seguros no ambiente de trabalho.
“Estamos há três anos trabalhando dentro do mato, sem nenhum tipo de segurança, não temos a segurança da Polícia Militar, as janelas são de vidro, os adolescentes só não matam os servidores porque temos uma boa convivência, mas nossas vidas estão correndo riscos”, declarou uma agente socioeducativa.
Guilherme Nico, coordenador nacional do Sistema Socioeducativo, declarou que o pedido foi para que houvesse uma intervenção em Roraima, mas que após algumas conversas e cláusulas acordadas, ficou decidido um apoio ao Estado tanto no sistema prisional, quanto no socioeducativo.
O coordenador afirmou que já houve uma primeira avaliação do espaço do Centro Socioeducativo e que o lugar é adequado, embora tenha sido depredado e precise de reformas emergenciais. Para manter o socioeducativo são necessários R$ 400 mil ao mês e a folha de pagamento dos socioeducadores gira em torno de R$ 300 mil, segundo Nico.
Por meio de nota a Setrabes informou que solicitou a presença dos servidores do sistema socioeducativo para uma reunião, atendendo à solicitação do coordenador nacional do sistema socioeducativo. O representante do Governo Federal tinha como proposta situar os servidores sobre os objetivos da sua vinda ao estado, além de uma oportunidade para que o mesmo pudesse conhecê-los e dialogar sobre o sistema.
E esclareceram que a reunião não foi aberta à imprensa por se tratar de uma reunião técnica envolvendo atendimento socioeducativo a adolescentes, que possui sigilo de dados amparados por lei. (F. A.)