Cotidiano

Álcool e drogas preocupam indígenas

Comunidades indígenas têm sentido o reflexo do consumo de drogas lícitas e ilícitas com o aumento da violência

As comunidades indígenas do Estado de Roraima enfrentam uma preocupante realidade com surgimento de casos de violência em decorrência consumo de bebidas alcoólicas e uso de drogas. O contato com as drogas lícitas ou ilícitas acontece cedo. A Sociedade dos Índios Unidos de Roraima (Sodiur) destaca que inúmeras discussões estão sendo feitas para tratar da questão relativa às drogas lícitas e ilícitas.

Quem vive nas comunidades percebe que nos últimos anos o consumo de álcool e de drogas cresceu e tornou-se comum. Em geral, os indígenas compram a bebida nos municípios e levam para a comunidade, onde alguns aproveitam para fazer a comercialização. Os casos mais preocupantes são os que envolvem o tráfico de drogas.

Segundo o coordenador da Sodiur, Gerônimo Lima, a violência cresceu nos últimos anos, decorrente do uso de drogas. “Aumentou a violência porque as brigas entre os parentes se tornaram constantes, principalmente entre os casais, quando os homens batem nas mulheres”, disse, destacando que tanto a Fundação Nacional do Índio (Funai) quanto a Polícia Federal participaram das discussões sobre o tema e têm conhecimento dessa realidade. Inclusive, foi solicitada fiscalização para impedir a entrada de bebida alcoólica.

A preocupação com as crianças e adolescentes indígenas também é constante. Conforme o coordenador, a possibilidade de os menores conhecerem as drogas são maiores, uma vez que as bebidas passaram a fazer parte do contexto social das comunidades. “A gente discute isso sempre em reunião. Somos preocupados com essas questões porque queremos o bem-estar de todos. Nas comunidades, tem o pajuaru e o caxiri [bebidas indígenas] e ninguém precisa comprar nada. Já temos as tradições e elas devem ser respeitadas”, frisou Lima.

Ele afirmou que o consumo é disseminado em todas as comunidades e que todas conhecem as bebidas industrializadas. O líder indígena frisou que há muito tempo o tema sobre entorpecentes vem sendo relatado nas comunidades e que o caso precisa de investigação para punir os usuários e banir o uso.

GOVERNO – O Governo de Roraima afirmou que a Secretaria Estadual do Índio (SEI) foi criada no ano de 2009 com o papel de resgatar e divulgar a cultura indígena de diferentes etnias através da comercialização do artesanato. No entanto, no fim do mês de abril, a venda indiscriminada de bebidas alcoólicas foi tema amplamente debatido em reunião ocorrida na Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), no início do mês, envolvendo Governo do Estado e Fundação Nacional do Índio (Funai), contando com a participação das polícias Militar e Civil.

A conclusão foi a necessidade de um trabalho de sensibilização e educação por parte da Funai, e não de prisão de comerciantes ou indígenas por parte de policiais em áreas urbanas. (J.B)