Com acidentes cada vez mais letais no Brasil, especialistas apontam que aumento de mortes no trânsito revela urgência de cuidar da saúde mental dos motoristas. Em Roraima, proporção óbitos em acidentes ainda é pequena, mas acende alerta diante do cotidiano viário violento no estado.
De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito de Roraima (Detran-RR), desde 2022, mais de 15 mil vítimas de sinistros de trânsito deram entrada no Hospital Geral de Roraima (HGR). Somente nos anos de 2022 e 2023, cerca de 330 vítimas foram fatais. Ou seja, nos dois últimos anos, Roraima teve uma morte a cada 40 acidentes (13.227 sinistros).
Comparado aos dados sobre o Brasil, a proporção de mortes por acidentes de trânsito no estado é baixa. No ano passado, a proporção ficou em um óbito a cada 12 acidentes (67.658 sinistros e 5.621 mortes), conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
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Saúde mental de motoristas
Entretanto, os altos números de vítimas de acidentes reforçam a urgência de abordar a saúde mental dos motoristas como um componente vital para reduzir a incidência de mortes e sinistros. Isso porque a violência no trânsito estaria diretamente ligada à impaciência e aos conflitos internos e pessoais dos condutores. É o que consideram especialistas em Psicologia do Trânsito e Segurança Viária.
“O excesso de tarefas e atribuições, a falta de tempo, o excesso de informações e os longos períodos que as pessoas passam no trânsito em deslocamentos diários contribuem para deixar os motoristas mais impacientes e irritados. Essa deterioração da saúde mental impacta o trânsito de uma maneira contundente”,
comentou Carlos Luiz Souza, psicólogo especializado em Psicologia do Trânsito e vice-presidente da Associação de Clínicas de Trânsito do Estado de Minas Gerais (ACTRANS-MG).
Segundo Souza, a irritação leva à imprudência e ao cometimento de infrações como o avanço de semáforo e excesso de velocidade. “Esses comportamentos estão diretamente relacionados ao aumento de sinistros e de mortes. A ciência já mostrou que as chances de sobrevivência de uma pessoa diminuem à medida em que se aumenta a velocidade dos veículos envolvidos em um acidente”, comentou o psicólogo.
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Atenção e cuidado
A psicóloga especialista em Trânsito e presidente da ACTRANS-MG, Adalgisa Aparecida Guimarães Pereira, ressalta que o estigma e o descaso com a saúde mental no Brasil são fatores que contribuem para o aumento gradativo das mortes no trânsito. “O comprometimento da saúde mental afeta diretamente a capacidade de tomar decisões, manter a atenção e o controle emocional. Isso pode levar a comportamentos de risco, como agressividade e desobediência às regras”, completa Adalgisa.