Uma farinha produzida a partir do caroço de açaí e que pode ser utilizada para fabricar diversos tipos de iguarias. É o que consiste o Projeto Caroçaí, um dos 25 selecionados para participar da etapa nacional da Mostra Inova Senai 2018, que ocorre no mês de julho, em Brasília. Entre os 310 projetos inscritos em âmbito nacional, o Caroçaí foi escolhido para representar Roraima na categoria Produto Inovador.
Com o objetivo de desenvolver a capacidade empreendedora, a criatividade e o raciocínio por meio do desenvolvimento de projetos de inovação, desde a concepção, planejamento, execução e apresentação para possíveis clientes, o Programa Inova Senai foi criado para incentivar as boas ideias desenvolvidas nas unidades de ensino do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Em Roraima, o projeto foi idealizado pelas alunas do Senai, Ana Paula Oliveira da Silva e Conceição Silva, que criaram, a partir do caroço do açaí, uma farinha para produção de pães, bolos e biscoitos. Segundo a instrutora da área de alimentos e orientadora do projeto, Eliana Lima, o Caroçaí começou a ser desenvolvido no ano passado, por meio do programa Jovens Integradores.
Ao entrar na plataforma do programa, as alunas encontraram a demanda de uma empresa do Amapá que, por sua vez, não sabia o que fazer com os resíduos gerados da utilização da polpa do açaí. A escolha definitiva ocorreu durante as pesquisas, quando as alunas constataram que o caroço do açaí é um importante anti-hipertensivo, antidiabético, redutor do nível de colesterol no sangue e anti-inflamatório.
Após a inscrição, as alunas foram atrás de parcerias para a produção. A primeira foi a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que possui uma máquina ideal para quebrar o caroço. “Depois a gente traz pro Senai, tritura, torra e processa até chegar na farinha e poder ser utilizada”, disse Eliane. O segundo apoio foi fechado com o Centro Universitário Estácio da Amazônia, que tem disponibilizado o apoio para rótulo nutricional. A equipe também conta com a parceria da empresa Trigolar, que fornece a matéria-prima para realização de testes com o uso da farinha.
Com a mostra prevista para julho, a instrutora explicou que o produto já vai estar apto para venda em Brasília. Para tanto, as alunas vão precisar defender o produto a uma banca de empresários. Hoje, 18, as alunas devem receber informações nacionais sobre o que vão precisar demonstrar em Brasília. “Podemos vir com uma colocação muito melhor”, apontou a orientadora.
A aluna Ana Paula Oliveira, uma das responsáveis pelo projeto, contou que a responsabilidade de representar o Estado é grande, mas que a vontade de trazer o primeiro lugar para casa é maior. “Quero levar também às pessoas o conhecimento de que a farinha do caroço de açaí faz bem para a saúde e pode ser utilizada em muitas receitas. A expectativa é grande!”, ressaltou.
PREÇO – Após voltar de Brasília, a ideia é lançar o produto no mercado local. Conforme Eliana, o custo não vai ser alto, apesar de não ter uma ideia de preço. Além dos benefícios à saúde, ela explicou que há um número relevante de produtores de açaí no sul do Estado e na capital, onde muitos jogam foram os resíduos. “Ele tende a ser substituído pela farinha normal e por um preço mais em conta. A ideia é também comprar nossos próprios equipamentos, a fim de produzir o produto 100% no Senai”, destacou. (A.G.G)