Cotidiano

Alunos da UERR criticam criação de cursos

Acadêmicos alegam que UERR não tem estrutura para abrigar dois novos cursos que exigem grandes investimentos

Falta de livros na biblioteca, laboratórios precários, estrutura física comprometida, falta de internet e material são os principais problemas apontados pelos acadêmicos da Universidade Estadual de Roraima (Uerr) ao contestarem a implantação dos cursos de Medicina e Biomedicina naquela instituição de ensino.
Em abril deste ano foi criada uma comissão técnica para realizar estudos da viabilidade da implantação dos novos cursos. Após estudo, análise e avaliação, o parecer final da comissão foi que a universidade possui estrutura necessária para a criação. O Conselho Universitário (Conuni) da instituição, que é formado por alunos, professores e funcionários, também aprovou a decisão no dia 11 deste mês.
O vestibular para os novos cursos será realizado ainda este ano e os alunos aprovados irão ingressar em 2015. Apesar de o Governo do Estado e a própria instituição aprovarem a nova medida, muitos alunos são contra a implantação desses dois novos cursos.
Para Carlindo Lopes, acadêmico do segundo semestre do curso de Ciências Contábeis, o principal problema é a falta de livros destinados ao curso na biblioteca da instituição. Ele afirmou que a maioria dos professores elabora apostilas, pois a biblioteca não possui títulos na aérea. “Sei que, para a criação de um curso, é necessário que a instituição tenha uma quantidade mínima de livros. Se no curso de Economia já não tem, quem dirá Medicina, que tem livros muito mais caros”, pontuou o acadêmico.
A acadêmica de Ciências Contábeis Rayane Raposo disse que a instituição precisa investir em laboratórios. Ela ressaltou que a Uerr necessita de computadores novos. “Em nosso curso precisamos aprender a utilizar os softwares mais populares do mercado, mas utilizamos os que saem mais em conta para a instituição. Imagina a qualidade dos equipamentos que eles irão adquirir para o curso de Medicina”, comentou.
A acadêmica Natália Freire, que também cursa Ciências Contábeis, questionou a qualidade da internet. “Estudantes de qualquer curso necessitam fazer pesquisas na internet, mas recomendo não fazê-las aqui, na Uerr, pois a internet é lenta e não carrega nenhuma página”, criticou. A acadêmica Joelma Barroso afirmou que alguns professores tiram dinheiro do próprio bolso para comprar material necessário para as aulas. “Já vi professores gastarem o próprio dinheiro comprando materiais como pincel, apagador entre outros. O curso de Medicina irá necessitar de materiais mais caros e sofisticados. Acho que um professor não estará disposto a investir tanto assim”, declarou. 
Para a acadêmica Tainá Cantanhede, a estrutura física da instituição não poderá comportar os alunos dos novos cursos. Ela disse que será necessário construir mais salas de aula. “Quando iniciaram uma construção de um novo bloco na universidade, com diversos andares, imaginei que seria para o curso de Medicina, mas não era, é para a reitoria. Os novos alunos terão que dividir as salas que já vivem ocupadas devido aos outros cursos ofertados”, observou.
SINDUERR – A Sessão Sindical dos Docentes da Universidade Estadual de Roraima (Sinduerr) também é contra a criação dos cursos de Medicina e Biomedicina. Em nota publicada no mês de maio, a entidade aponta diversos problemas, entre eles na estrutura física. “As condições estruturais e humanas da instituição não viabilizam a criação dos novos cursos”, frisa a nota.
“O Governo de Roraima não tem garantido o repasse integral do orçamento da Uerr, ocasionando inúmeros transtornos para o bom funcionamento dos cursos que existem em Boa Vista e no interior. Faltam professores, espaço para laboratórios equipados, pagamentos do quadro de trabalhadores em dia e salas de aula para abertura de vestibular que garanta a sequência dos cursos que já existem”, complementa a nota.
UERR – A assessoria de comunicação da Uerr informou, através de nota, que o Conselho Universitário (Conuni) da Uerr aprovou a criação dos cursos de Medicina e Biomedicina. Nos próximos 60 dias, após a conclusão do Projeto Político Pedagógico (PPP) e cumpridos alguns rituais acadêmicos, o Conselho definirá o número de vagas e a data do vestibular.
A nota Informa que o governador Chico Rodrigues (PSB) teria garantido, durante a solenidade de entrega do parecer favorável à criação dos cursos, no dia 05, que iria dar todas as condições necessárias para que a Uerr pudesse implantar os novos cursos. Conforme esse anúncio, o prédio que está sendo construído na Zona Oeste de Boa Vista poderá abrigar outros cursos da instituição, como Biologia, Educação Física e Enfermagem, na área da Saúde.
Segundo o professor Evandro Ghedin, que presidiu a comissão de viabilidade dos cursos, os próximos passos são a aprovação do PPP, análise da infraestrutura do prédio (Zona Oeste) e o incremento orçamentário e financeiro para gestão e contratação de pessoal. “Além da infraestrutura que o Governo do Estado está preparando, nós vamos fazer concurso público para a contratação de professores, técnicos administrativos e pessoal de apoio pedagógico, como também criar cargos de coordenação para os dois cursos”, disse. (I.S)