Estudantes de mais de 60 escolas em Roraima vão receber ações de educação sanitária por conta da adesão ao Programa Saúde na Escola (PSE), do Governo Federal. O projeto, desenvolvido pelos ministérios da Saúde e da Educação, tem como foco promover a importância da vacinação da população adolescente contra o vírus do papiloma humano (HPV).
Segundo a Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV), as ações já estão sendo programadas e vão ser inseridas no calendário escolar, mas ainda não têm data prevista para começar. “Ao todo, 63 instituições públicas de ensino do Estado e município serão acompanhadas pelas equipes de saúde. As ações incluem a vacinação contra o HPV para os públicos alvos, além da atualização do cartão de vacina dos alunos”, informou.
Durante as atividades, as equipes vão oferecer todos os serviços de saúde que o Ministério da Saúde preconiza, além da entrega dos kits de saúde bucal com escova, creme dental, fio dental e aplicação de flúor.
ESTADO – Conforme Mária Cruz, técnica do Núcleo de Ações Programáticas de Saúde do Adolescente e Jovem (NAPSAJ) da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), o envolvimento do Estado na ação é de divulgação nos municípios, em razão do fim do prazo para adesão ao plano que se encerra nesta quarta-feira, 14.
“Nós temos um grupo de trabalho voltado para isso, que entra em contato com os municípios para que eles saibam do projeto, mas cabe a eles aderirem ou não. Até agora, Boa Vista e Bonfim já fizeram a adesão e Caracaraí está no processo. A gente espera que até o prazo final, mais localidades também façam parte do PSE”, disse Mária.
SAÚDE NA ESCOLA – Conforme o Ministério da Saúde, o programa foi desenvolvido em razão da importância do envolvimento do setor educacional e a adoção da vacinação em escolas públicas, particulares e unidades básicas de saúde.
Além disso, o objetivo é mudar o cenário da maioria dos estados do País que não adotaram um trabalho de conscientização nas escolas e que estão enfrentando problemas para alcançar taxas satisfatórias de cobertura de saúde. O programa também define que para ter direito ao repasse de verba, os municípios precisarão desenvolver as ações, conforme o planejamento e a realidade local.
Procura pela vacina continua baixa
Dados do Núcleo Estadual do Programa Nacional de Imunização (NEPNI) mostram que a procura pela vacina contra o HPV continua em baixa em Roraima, mesmo ela estando disponível em quantidade suficiente nos postos de saúde de todos os municípios.
Segundo a gerente do NEPNI, Amanda Antunes, houve uma pequena melhora em comparação com o final do mês passado, porém nada alarmante. “A procura foi maior, mas não pode ser considerada um grande aumento. Não foi ainda o suficiente para que acabasse ainda o estoque da vacina contra o HPV, ou seja, ainda não surtiu o efeito que deveria ocorrer”, explicou.
Para Amanda, a baixa adesão ainda está associada à falta de conhecimento dos pais e responsáveis sobre os benefícios da vacinação e o combate à doenças. “A vacina contra HPV é quadrivalente, ou seja, protege contra quatro tipos de vírus e previne contra o câncer do colo de útero e vagina em mulheres e nos homens, câncer de pênis, ânus e garganta”, informou.
DISPONIBILIDADE – A gerente do NEPNI afirmou que o Ministério da Saúde encaminhou nota na segunda-feira, 12, aumentando mais uma vez a faixa etária de vacinação para os meninos. “Para esse mês, os meninos entre 11 e menor de 15 anos, ou seja, com até 14 anos, 11 meses e 29 dias, podem receber a vacina”, frisou.
No momento, segundo o Calendário Nacional de Vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina contra HPV está disponível para os meninos na faixa etária de 11 e menores de 15 anos e meninas de 9 até 14 anos.
O QUE É HPV – A doença é um vírus que pode causar câncer de colo do útero e verrugas genitais. Ele é altamente contagioso e a transmissão acontece principalmente pelo contato sexual. Além da vacina, a prevenção contra esse tipo de câncer também continua envolvendo o uso de preservativo e o exame papanicolau, que identifica possíveis lesões precursoras do câncer que, tratadas precocemente, evitam o desenvolvimento da doença.
A infecção pelo HPV atinge mais de 630 milhões de homens e mulheres no mundo (uma em cada 10 pessoas), segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que entre 9 e 10 milhões de pessoas sejam portadoras do vírus e que 700 mil novos casos sejam registrados a cada ano, por isso as doenças relacionadas ao HPV provocam grande impacto do ponto de vista individual e de saúde pública.
Estima-se que 80% da população sexualmente ativa vá contrair HPV durante a vida e uma parte dela desenvolverá doenças significativas. No caso da população mundial feminina, cerca de 10% têm HPV, que é mais frequente entre as mulheres menores de 25 anos, cujas taxas podem chegar a 40-50%. (P.C.)