Cotidiano

Alunos denunciam descaso em escola

Segundo relatos, a escola não recebe reforma há 20 anos e o telhado está ocupado por insetos e morcegos

VANESSA FERNANDES

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A Escola Estadual Indígena José Viriato, localizada na comunidade Raposa 1, que também atende  a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, no município de Normandia, não recebe reparos em sua estrutura há 20 anos, segundo alunos que procuraram a reportagem da Folha para relatar o descaso. Segundo eles, os forros das salas de aulas estão quebrados e agora servem de abrigo para insetos como aranhas e baratas, além de morcegos. Com iluminação precária e a falta de transporte, os estudantes encontram dificuldades para alcançar seus objetivos até a Universidade.

O estudante Murilo Januário Moraes, líder estudantil, explica que a precariedade das salas de aulas tem prejudicado o desempenho dos alunos. “Para quem estuda à tarde, a maior dificuldade está na temperatura, fica muito quente já que não há ventilação. À noite, com iluminação baixa e de instalação improvisada, é difícil enxergar o que os professores escrevem na lousa”, comentou.

Roberty Esbell Luciano, também aluno na José Viriato, mora na comunidade Raposa 2 e caminha até a escola por não haver transporte disponibilizado pelo governo. A maior dificuldade de Luciano é durante o inverno, e agora prefere não comparecer às aulas. “Já passei muitas dificuldades no caminho durante a época de chuvas, como derrubar meu caderno na água ou a corrente da bicicleta quebrar. Às vezes chego atrasado e saio muito tarde. É perigoso retornar pra casa com essa escuridão, por isso precisamos de transporte”, lamentou.

Entre outras reclamações está a falta de pessoal de apoio. Segundo Moraes, a escola possui apenas uma zeladora e uma merendeira voluntária que juntas atendem a demanda de limpeza e alimentação, respectivamente, dos 354 alunos distribuídos entre os turnos matutino, vespertino e noturno. “O governo tem feito a entrega dos ingredientes da merenda com alguns produtos em falta e já foram enviados somente 11 quilos frangos para 15 dias letivos. Além disso, professores já precisaram comprar a botija de gás e a zeladora compra os produtos de limpeza com o dinheiro do próprio bolso”, finaliza Moraes.

OUTRO LADO – A Secretaria de Educação e Desporto (SEED) alega que todas as unidades de ensino estaduais estão recebendo os itens necessários para o preparo da alimentação escolar e que a entrega está em dia. Informa ainda que a última remessa de produtos foi enviada para a escola José Viriato no dia 03 de julho.

Sobre a estrutura física da escola, diz que seguindo cronograma de atendimento do Departamento de Logística da SEED, no próximo dia 15 de julho uma equipe de técnicos se deslocará até a unidade de ensino para realizar serviços de reparos e manutenção na parte elétrica, hidráulica e também no telhado. 

Em relação ao transporte escolar, o Departamento de Apoio ao Educando já finalizou a aferição das rotas na localidade e na próxima semana o serviço será restabelecido. Já sobre a limpeza da unidade e pessoal de apoio, informa a tramitação de processos administrativos para que serviços sejam regularizados.

“A Seed reconhece a necessidade das unidades indígenas e está buscando recursos junto ao Governo Federal para a melhoria dos prédios escolares. Existe ainda o esforço da bancada federal de Roraima em aportar recursos para revitalização das escolas. Esclarece que também será feito o levantamento das condições físicas de todas as unidades de ensino indígenas, para inclusão dos recursos necessários no PPA (Plano Plurianual)”.

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