Cotidiano

Alunos estão sem aulas há nove meses por falta de transporte

No Projeto de Assentamento Nova Amazônia, calendário escolar de 2018 foi interrompido ainda em maio

As aulas da Escola Estadual Albino Tavares foram interrompidas em maio de 2018 e até o momento o calendário escolar do último ano não foi concluído. A instituição fica no Projeto de Assentamento Nova Amazônia que atende duas áreas: as fazendas Murupu e Cauamé, situada à margem esquerda da BR-174, a 30 quilômetros de Boa Vista, e Truaru, localizada à direita da BR-174, a 45 quilômetros da capital.

De acordo com Valdina Teixeira, mãe de um aluno da instituição, a explicação dada pelo Estado quando houve a paralisação, no fim de maio de 2018, era de que não havia como oferecer o transporte. Os moradores da região organizaram um protesto na BR-174 que durou três dias e teve destaque na mídia nacional, mas não foi o suficiente para que a situação fosse resolvida.

As aulas da rede estadual foram iniciadas somente em Boa Vista. Para o restante do Estado, a previsão é de que comecem em 9 de abril. Mas Valdina contou que os responsáveis por alunos da Escola Albino Tavares ainda não foram chamados para conversar e que, portanto, não sabem se as aulas serão retomadas para que se dê continuidade ao calendário de 2018.

“Eles queriam que os alunos fizessem uma prova e os que passassem este ano estudariam normalmente. Iria ter alguns dias de aula e depois fariam esta avaliação para passar para o ano seguinte. Mas isso não aconteceu”, contou Valdina Teixeira sobre a proposta apresentada em 2018 para contornar o problema.

O OUTRO LADO – A Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) reconheceu que a paralisação do transporte escolar durante a gestão passada prejudicou o ano letivo de 2018 na Escola Estadual Albino Tavares. De acordo com o Departamento de Gestão Educacional (DGE), durante a interrupção, a Seed colocou à disposição um grupo de trabalho que promoveu reuniões com os pais, professores, grupo gestor e auditoria da Seed.

Ficou acordado que assim que se iniciar o ano letivo de 2019, a escola realizará, em um trabalho conjunto com a Seed, uma intervenção administrativo-pedagógica com base em legislação própria para casos de distorção idade-série, em que é aplicada uma metodologia específica para que haja a recuperação de estudos por séries.

E afirmou ainda que em algumas escolas do interior foi possível a utilização de outras metodologias porque pararam no máximo por um bimestre e meio e não tinham 100% dos alunos usuários do serviço do transporte escolar. Diferentemente da realidade da Escola Albino Tavares, que parou por três bimestres e tem 100% dos alunos dependentes do serviço.

Em relação à oferta do transporte escolar para o ano letivo de 2019, a Seed diz estar providenciando por meio de processo licitatório. Sobre o calendário escolar, informa que as aulas no interior do Estado (áreas urbana e rural) estão previstas para começar em 9 de abril e uma comissão está trabalhando para readequar o cronograma para cumprir os 200 dias letivos e as 800 horas de aula, conforme o que determina a legislação vigente, e que será divulgado quando for concluído.