A equipe de reportagem da Folha de Boa Vista está no município de Pacaraima acompanhando os desdobramentos da movimentação de populares, iniciada pela manhã deste sábado, 18, que ainda está ocorrendo, apesar de reforços de segurança já terem contido conflitos mais extremos.
Uma reunião está ocorrendo neste momento no município com várias autoridades de segurança pública, abrangendo Polícia Civil e Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e Exército Brasileiro, para definir sanções administrativa no controle da crise na fronteira.
O Tenente Coronel Max, Subcomandante do Comando de Policiamento do Interior (CPI) da Polícia Militar, ressaltou que não há feridos nas manifestações, e que, no momento, a melhor solução é o diálogo.
“A população ainda está com os ânimos exaltados, mas estamos fazendo a parte mais importante, que é o diálogo, a conversação, para que eles possam desobstruir a rodovia. Não há feridos”, ressaltou.
Como base para tal ato, os moradores utilizaram a última ocorrência que resultou no espancamento de um comerciante da localidade, conhecido como Raimundo da Churrascaria. O homem teria sido brutalmente espancado por um grupo de quatro suspeitos que supostamente seriam de nacionalidade venezuelana. Ele foi removido de ambulância até o Hospital Geral de Roraima (HGR), e ainda está internado.
Segundo um dos mobilizadores das manifestações, Simeão Peixoto, o município está há dois anos sofrendo de problemas relacionados a migração em massa, e que já não tem mais estrutura para arcar com eles.
“Pacaraima está pedindo socorro há mais de dois anos com esse problema que vem acontecendo. Nós já tivemos audiência com Ministro da Justiça, Torquato Jardim, há 30 dias, alertando o problema que vem acontecendo aqui. O município é pacato, mas aconteceram três mortes por decapitação em uma semana. O exército só tem a visão do acolhimento. Não tem a visão da precariedade e da responsabilidade que nós estamos sofrendo aqui.”, afirmou.
Simeão também destacou que a população não desmerece o trabalho do exército no acolhimento de refugiados, mas diz que Pacaraima merece o mesmo nível de atenção.
“Parabenizamos a acolhida do exército, mas nós estamos com problemas enormes no município. A sede não aguenta pagar a conta com a invasão dos venezuelanos. Então, o que está acontecendo aqui nada mais é do que uma revolta da população contra as atitudes que estamos sofrendo”, ressaltou.
Com colaboração da repórter Tarsira Rodrigues e a fotógrafa Diane Sampaio.
Confira os áudios das entrevistas: