As companhias aéreas ao redor do globo começaram a retomar lentamente algumas operações após uma pane generalizada em um software, que resultou em milhares de voos atrasados ou cancelados, ameaçando desestabilizar o sistema por dias, conforme noticiado pela FolhaBV.
A United Airlines informou que reiniciou parte da operação após ter todos os voos previamente interrompidos. A Delta Air Lines também retomou algumas viagens que foram suspensas, emitindo uma isenção de viagem para ajudar os passageiros a remarcar ou reorganizar seus planos.
As duas maiores companhias americanas parecem ter sido as mais afetadas. No entanto, outras companhias aéreas dos EUA, como American Airlines e Spirit Airlines, também enfrentaram problemas, segundo a Administração Federal de Aviação (FAA, do inglês Federal Aviation Administration).
A reinicialização lenta seguiu uma manhã marcada por uma desordem global severa devido a uma pane no sistema de TI que dificultou a comunicação entre aeronaves e equipes de controle em solo. A interrupção atingiu os viajantes em um dia particularmente movimentado — o Reino Unido, por exemplo, estava se preparando para o maior número de partidas diárias desde outubro de 2019, segundo a fornecedora de dados de aviação Cirium.
O FlightAware registrou mais de 21.000 voos atrasados globalmente, enquanto a Cirium informou que os cancelamentos nos EUA representavam cerca de 4,2% de todos os voos programados — muito acima do típico para esse horário do dia. O caos ocorreu em aeroportos ao redor do mundo, com centros como Berlim, Amsterdã e o Aeroporto Internacional de Delhi sendo os mais afetados, deixando passageiros presos enquanto se preparavam para suas férias de verão.
Enquanto os sistemas normalmente tendem a reiniciar rapidamente, a retomada do serviço normal pode levar vários dias, pois aeronaves e tripulações estarão fora de posição, e os centros de operações de rede ficam offline. Voos de longa distância cancelados, em particular, terão efeitos em cadeia por dias, ocorrendo no auge da temporada de viagens de verão.
Bancos no Brasil apresentaram instabilidade
Alguns bancos e fintechs brasileiros apresentavam problemas em seus aplicativos nesta sexta-feira (19), após um apagão cibernético que afetou vários lugares ao redor do mundo.
O site Downdetector, que acusa problemas em canais digitais, apontava reclamações em pelo menos quatro instituições financeiras: Banco Pan, Bradesco, Neon e Next.
Vários clientes também reclamavam nas redes, alertando que os aplicativos estavam fora do ar e relatando problemas para fazer login e pagamentos. Procurado, o Bradesco afirmou que os sistemas dos seus canais digitais ficaram indisponíveis nesta manhã por conta do apagão cibernético global. “Equipes estão atuando para regularização o mais breve possível. Os terminais de autoatendimento do banco funcionam normalmente”, informou o banco em nota.
Em comunicado enviado a clientes, o Neon informou que o aplicativo apresentava instabilidades em todos os seus serviços e transações, incluindo a utilização do cartão de débito e de crédito. “O funcionamento dos serviços foi restabelecido e todo o time técnico da Neon continua trabalhando arduamente para minimizar quaisquer impactos para seus clientes”, disse.
Já o Pan informou que foi “impactado por uma indisponibilidade originada na atualização do software de um de seus fornecedores, que impactou diversos segmentos”. “O PAN já restabeleceu alguns de seus serviços e continua atuando para a normalização integral das funcionalidades”, disse em nota.
Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), alguns sistemas de instituições financeiras chegaram a ser “temporariamente afetados em diferentes escalas” pela falha, mas não houve “nada que comprometesse a prestação de serviços de forma relevante”.
O Banco Central do Brasil (BC) reportou que os seus sistemas estavam funcionando normalmente.
Bancos de vários países relataram problemas em suas operações ou interrupções significativas na madrugada desta sexta-feira (19). Na Austrália, por exemplo, o Commonwealth Bank, maior banco do país, afirmou que alguns clientes não conseguiram transferir dinheiro devido à interrupção de serviços.
O que causou o apagão?
Logo após as primeiras notícias de transtornos pelo mundo, o Coordenador Nacional de Segurança Cibernética da Austrália disse que a “interrupção técnica em grande escala” havia sido causada por um problema com uma “plataforma de software de terceiros”.
A plataforma em questão se chama Falcon, da empresa de cibersegurança CrowdStrike. Essa ferramenta serve para detectar e monitorar possíveis invasões (ações de hackers), como um “vigilante” que age nos bastidores das operações cibernéticas. Desta vez, porém, a atualização teria levado à identificação de “falsos positivos” e rotulado processos ordinários como maliciosos e, por isso, passíveis de bloqueio. Programas seguros passaram a não funcionar ou sequer abriram para usuários.
De acordo com o CEO da CrowdStrike, George Kurz, o problema ocorreu por causa de um “defeito na atualização de conteúdo” da Falcon, e não de um ataque cibernético. Essa falha ocorreu em uma atualização para servidores Windows. Por isso, a Microsoft foi afetada e muitas empresas que usam os seus aplicativos, como companhias aéreas e emissoras de TV, foram atingidas. Servidores Mac e Linux não foram impactados. O executivo afirmou que a falha estava sendo corrigida.
“Crowdstrike está trabalhando ativamente com seus clientes impactados por um defeito encontrado numa única atualização para servidores Windows. Servidores Mac e Linux não foram afetados. Isto não foi um incidente de segurança nem um ciberataque. O problema foi identificado, isolado, e o processo para consertá-lo está em andamento”, disse Kurz em uma rede social.
O que diz a Microsoft?
Por volta das 8h, a Microsoft disse que a causa da pane havia sido consertada, mas alguns recursos ainda eram impactados. Por volta das 12h, a empresa disse que a falha havia sido sanada. Mas os efeitos ainda são sentidos pelo mundo.
Mais cedo, a Microsoft havia emitido comunicado informando que todos seus serviços haviam sido afetados após uma falha no sistema da Azure, sua plataforma de computação em nuvem. A Azure usa a plataforma Falcon, da Crowdstrike.