Já estamos a menos de um mês da Páscoa e o comércio de peixes durante a Semana Santa está garantido em Roraima, apesar de o Estado passar por um período de forte estiagem que deixa os rios baixos, estar na época da piracema e ter a pesca proibida. Foi o que afirmou o presidente da Federação dos Sindicatos dos Pescadores de Roraima, Leonel Pereira.
“A população pode ficar tranquila que não vai faltar peixe neste período, apesar da estiagem e do fato dos pescadores estarem impedidos de pescar. Teremos peixes regionais criados em viveiros de Roraima e também vindos do Amazonas”, garantiu.
Outro tema bastante discutido nesta época é quanto ao preço do peixe, já que boa parte vem do Amazonas, porém Leonel Pereira garantiu que não haverá aumento.
“Os preços serão mantidos, até porque, a cada ano, cresce mais a produção de peixes em cativeiro em Roraima e que podem ser vendidos nesta época. O pescado que vem do Amazonas, que já não é em grande quantidade como em anos anteriores, tende a manter o preço devido à demanda de produção do Estado”, afirmou.
Hoje, Roraima tem uma grande criação própria de peixes regionais que abastece o mercado local e exporta para outros Estados, como o tambaqui, aracu, matrinxã, piau da cabeça gorda, entre outros, o que, segundo ele, vai abastecer o mercado.
“Em anos anteriores, nesta época, só tinha peixe regional vindo de Manaus, mas a cada ano é bem menor a vinda de peixes do Amazonas, pois temos uma grande demanda de criadouros de peixes em cativeiro. E isso faz ficar mais barato”, afirmou.
Ele alerta que a proibição da pesca profissional nos rios de Roraima começou em 1º de março e vai até 30 de junho devido ao período de piracema, época em que os peixes sobem até as cabeceiras dos rios nadando contra a correnteza para realizar a desova e a reprodução.
TRADIÇÃO – Leonel Pereira informou que a Federação dos Pescadores vem realizando pesquisas há seis anos quanto à tradição do consumo de peixe na Semana Santa, o que vem caindo a cada ano. Ele atribui isso ao fator do preço do pescado no Estado e à renovação de costumes nas famílias.
“A pesquisa mostra que a cada ano a tradição de comer peixes vem diminuindo. Isso devido ao preço, pois nem todas as famílias têm condições de comprar.
Há ainda o fato das novas famílias estarem mais incrédulas e estão aos poucos abandonando a tradição”, avaliou.
DENÚNCIAS – Leonel Pereira informou que este ano já houve denúncias de que pescadores do Amazonas estariam desrespeitando o período da piracema em Roraima e adentrando os rios do Estado em busca de peixes.
“Embora não tenha nada oficial, mas pescadores do baixo Rio Branco já teriam nos procurado para informar que já viram pescadores do Amazonas em nossos rios. Cabe aos órgãos fiscalizadores averiguar e coibir essa pesca”, destacou. “É isso que pedimos aos Poderes Públicos responsáveis, seja federal, estadual ou municipal, que fiscalizem com rigor, independentemente de onde seja o pescador, que impeça estas ações predatórias e que puna com rigor para que possamos garantir o peixe na próxima safra”, afirmou.
Durante o período do defeso, não é permitida a pesca com uso de malhador, arpão, tarrafa, espinhel e outros apetrechos. E as pessoas que forem flagradas realizando a pesca ilegal receberão multas que podem variar de R$ 700 a mil reais, além de R$ 20 para cada quilo de pescado apreendido. Os pescadores também podem ter seus equipamentos retidos e serem levados para a delegacia.
Estiagem tem prejudicado criação de peixes em cativeiro no Estado
Produção de peixes em cativeiro garante produto na Semana Santa (Foto: Priscila Torres/FolhaBV)
A Folha conversou com o “rei do tambaqui” em cativeiro no Brasil, o roraimense Aniceto Wanderley, empresário do ramo há 18 anos. Apesar de direcionar toda sua produção para a exportação, ele afirmou que tem abastecido o mercado local com quase 15 toneladas por semana nos primeiros meses deste ano.
Wanderley informou que a estiagem e a pouca água nos rios têm prejudicado a produção de peixes no Estado. Inclusive, quem produz em cativeiro está com os tanques com lâminas de água baixas. Com isso, já começaram a procurá-lo para abastecer o mercado. Essa tendência deve se manter até a Semana Santa.
“Nosso peixe é todo direcionado para a exportação, mas sempre que acontece algo que faça faltar peixes dos produtores que abastecem o mercado local, direcionamos parte de nossa produção para reabastecer o Estado, especialmente Boa Vista”, afirmou. “Nossa meta é vender pra outros Estados de modo a não atrapalhar o pequeno produtor local”, ressaltou.
O empresário destacou que hoje sua produção, nas regiões de Amajarí e Cantá, é de tambaqui, matrinxã e pirarucu, além toda a cadeia produtiva com centro de pesquisa, produção do alevino, recriação, engorda e comercialização, além da indústria de rações e venda de alevinos para produtores de Roraima. (R.R)