Cotidiano

Após 19 anos foragido, acusado é preso em São Paulo

O comerciante Mocélio Linhares, acusado de participar da morte de 7 adolescentes, foi preso em Diadema em um trabalho conjunto entre MPE, Dicap e PMSP

O foragido da Justiça Mocélio Pereira Linhares, acusado de ter participado da morte de sete adolescentes em 2000, crime que ficou conhecido como ‘Chacina do Cauamé’, foi preso este final de semana em São Paulo. A prisão foi fruto de um trabalho conjunto entre Ministério Público de Roraima, agentes da Divisão de Inteligência e Captura (Dicap) da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) e Policiais Militares do 10⁰ BPM de SP.

Mocélio, que estava foragido há 19 anos, foi localizado pelo sargento Roney Cruz, da Dicap (Divisão de Captura), em uma residência no Bairro Eldorado, município de Diadema, e as informações foram compartilhadas com a PMSP, que através de sua agência de inteligência conseguiu levantar alguns endereços do foragido realizando diligências na tentativa de capturá-lo. Em uma dessas residências, a equipe da Inteligência visualizou o acusado e pediu apoio da equipe do BAEP E-06223 que de pronto compareceu no local. Os policiais tentaram abordar o indivíduo na porta de sua casa, mas Mocélio percebeu a presença da viatura e saiu correndo para dentro da casa, subindo no muro e alcançando o telhado das residências vizinhas na tentativa de escapar. Os policiais seguiram em seu encalço e obtiveram êxito na detenção quando ele tentava pular o telhado de uma residência vizinha.

O foragido foi conduzido ao 1° DP de Diadema em cumprimento ao mandado de prisão preventiva referente ao processo 0010238-4.2001.8.23.0010 expedido pela 1° Vara do Tribunal do Júri e Justiça Militar. Após a formalização do cumprimento do Mandado de Prisão, ele foi encaminhado para um presídio em SP e aguardará o recambiamento ao Estado de Roraima, onde deverá ser submetido ao Tribunal do Júri. Mocélio Pereira Linhares chegou a ser preso, mas está foragido do sistema prisional desde o ano 2000.

Relembre como acorreu a chacina

No dia 05 de novembro de 2000, o comerciante Mocélio Linhares teria participado da chacina que teve como vítimas sete jovens brutalmente assassinados enquanto acampavam às margens do rio Cauamé, no trecho norte da BR-174.

Na ocasião, os adolescentes e jovens, com idades entre 13 e 21 anos, foram obrigados a deitarem no chão. Em seguida, com requintes de crueldade e armados com revólveres e facas, os acusados iniciaram a execução das vítimas. O fato gerou repercussão nacional pela crueldade dos crimes. Os jovens H.S.N., E.S.L., J.C., R.A.S., R.A.S., T.M.F.R., G.A.L.S., R.S.V., e R.A.S. foram executados com aproximadamente 80 facadas e seis tiros. Outros dois jovens acabaram sobrevivendo à ação, mesmo feridos. Um deles se fingiu de morto e uma jovem conseguiu fugir e ser socorrida por um homem que a levou até o Pronto Socorro, no Hospital-Geral de Roraima (HGR).

Em 2007, o ex-policial Wellington Gentil foi condenado a 115 de reclusão. Atualmente ele cumpre pena na Cadeia Pública de Boa Vista (CPBV). Foi o segundo julgamento do réu, que em 2001 também foi absolvido dos crimes e teve o julgamento anulado após pedido do Ministério Público.

Os jovens estavam em um grupo de pelo menos dez pessoas, oito homens e duas mulheres, acampados à beira do Rio Cauamé e a alegação dos acusados era de que os jovens praticavam crime e seriam integrantes de ‘galera’.

Promotor espera condenação de foragido

Promotor Carlos Paixão foi quem participou do Júri

O promotor responsável pelo caso, Carlos Paixão, contou que há cerca de um ano encaminhou para a Dicap a cópia do Mandado de Prisão do foragido e solicitou que a equipe realizasse buscas, pois ele ainda não tinha sido preso desde a época dos fatos. 

“Dois dos acusados foram julgados. Um foi condenado e outro absolvido, lamentavelmente, e o adolescente envolvido ficou sem punição. Esse Mocélio estava foragido desde aquela época e sempre tive esperança que ele fosse ser capturado para ser julgado, e não conseguimos. Mantive contato com o Roney da Dicap e passei para ele a cópia do mandado de prisão e muito bem diligenciado, em contato com policiais em São Paulo, prenderam o Mocélio, para o bem da sociedade de lá e nossa, aqui. Deve ser recambiado. Eu acredito nisso e vou até conversar com o promotor para a gente poder trabalhar em conjunto nesse serviço. Vou aguardar aí que ele vá a julgamento efetivamente e não obstante esse tempo todo, não houve prescrição. É o que ele estava tentando, pelo que percebi. Vamos aguardar o recambiamento dele para ser julgado aqui, conforme foram julgados os outros dois” explicou o promotor Carlos Paixão.