Cotidiano

Após 32 anos de criação, 1° BPM tem uma mulher no comando

Em entrevista exclusiva à Folha BV, a capitã Camila Thomé contou sobre a sua trajetória na PM

Desde a sua criação, em dezembro de 1989, o Primeiro Batalhão da Polícia Militar (1°BPM), nunca havia sido comandado por uma mulher. Porém, após 32 anos, a capitã Camila Thomé de Oliveira, de 34 anos, assumiu o posto este mês. Em entrevista exclusiva à Folha BV, a comandante contou sobre a sua trajetória na PM.

De acordo com Camila, ela nunca pensou em ser policial militar, aos 21 anos, prestou vários Concursos Públicos até ser chamada na terceira turma do Concurso da Polícia Militar (PMRR), em 2008, quando iniciou o Curso de Formação de Soldado, que teve a duração de seis meses.  

“Eu não fazia ideia do que é ser policial militar, mas a partir do momento que entrei abracei, vesti a camisa, gostei e me identifiquei com o serviço em si e com a profissão”, disse Camila.


Camila durante entrevista exclusiva à Folha BV (Foto: Nilzete Franco/Folha BV) 

Trajetória

Assim que finalizou o Curso, Camila fez um estágio na Cavalaria e em seguida, o Curso de Especialização em Policiamento Montado. Onde trabalhou de 2009 a 2013. “Eu trabalhava na parte operacional mesmo, no policiamento montado a cavalo e com viaturas”, disse.

Em 2010, Camila fez o Processo Seletivo Interno para Cabo e retornou para a Cavalaria como Cabo na parte operacional. Em 2013, fez o Processo para sargento e também foi aprovada.  “Durante esse curso abriu o edital para o Concurso Público para Oficias, fiquei na dúvida se fazia ou não, pensei que ia ser bem difícil estudar e conciliar, mas fiz e consegui passar. Foi bem difícil porque quase não dormia porque tinha que estudar”, explicou.

Mesmo com todas as dificuldades, Camila conquistou o 2° lugar no Curso de sargento e 3° lugar no Curso de Cabo. Em 2016, atuou como Subcomandante na Companhia Independente de Policiamento de Trânsito Urbano e Rodoviário (Ciptur). Também já trabalhou no Comando Geral, Ajudante de Ordem no governo de Suely Campos e em 2018, coordenou o Curso de Oficiais na Academia de Polícia.

Em 2019, foi Subcomandante e em seguida, a primeira mulher a comandar a Cavalaria até fevereiro de 2021. “Fui designada para ser coordenadora de ensino policial quando entrou a turma de 400 policiais, que foi um grande desafio para mim e para a Polícia Militar como um todo”, relembrou.

Desafios

Camila destacou os desafios de comandar o 1°BPM como preocupação dos índices e estratégias para redução da criminalidade, dinamização da forma de policiamento, ter uma relação de proximidade com a população, entre outras situações. “É uma parte bem operacional. Temos que alinhar o planejamento com a execução, sempre buscando aperfeiçoar a parte teórica com a prática para prestar um serviço melhor para a sociedade”, destacou.

O ambiente militar é predominantemente masculino, mas isso não intimidou Camila. “É um desafio a mais, pois nós mulheres temos uma jornada a mais. É difícil, mas eu me sinto capaz de desempenhar qualquer função que me seja designada, pois eu fui preparada para isso e confio na minha capacidade”, disse.


Desde a sua criação, em dezembro de 1989, o Primeiro Batalhão da Polícia Militar (1°BPM), nunca havia sido comandado por uma mulher (Foto: Nilzete Franco/Folha BV) 

Exemplos na PM

Camila disse que a Subcomandante da PM, coronel Valdeane Alves de Oliveira, é um exemplo dentro da Instituição. “Ela é uma das pioneiras das mulheres que ingressaram na Polícia Militar e é um exemplo para nós PMs”, disse.

“Eu gosto muito de ser PM, a gente sempre procura ser um exemplo para os policiais para que todos desempenhem a sua função com bastante dedicação porque a nossa principal função é prestar um bom serviço de segurança pública para a sociedade roraimense. Antes de tudo, nós também somos cidadãos, e sempre procuramos desempenhar a nossa missão seja aonde for com esforço e dedicação, pois o nosso objetivo principal realmente é a população, que tem o direito e merece ter um bom serviço prestado pelo Estado”, acrescentou.

Camila não imaginava que chegaria tão longe dentro da Corporação. “Eu entrei na polícia como soldado e hoje me vê capitã, as vésperas de sair major e assumir um comando é um motivo de muito orgulho”, finalizou.

Atualmente, o 1° BPM conta com um efetivo de 137 policiais militares, sendo 18 mulheres.