Cotidiano

Após ameaças, imobiliária cerca área de 17 hectares para evitar invasões

Proprietário manterá cerca de 25 homens vigiando a área pelos próximos seis meses, quando venda de lotes deve começar

Durante este final de semana, o proprietário de um terreno de 17 hectares, ao lado do assentamento conhecido como Pedra Pintada, na região do Bom Intento, na Zona Rural de Boa Vista, precisou tomar medidas de prevenção contra invasores que ameaçavam tomar a área. 

Conforme explicou Erasmo Sabino, há dias um grupo articulava levar cerca de 200 famílias até o local e construir barracões para demarcar lotes. Diante dos documentos que compravam a propriedade da terra, Sabino revelou que para evitar a situação, foi necessário mobilizar cerca de 25 homens para vigiar diariamente o local, além de cercar os limites da propriedade.

“Uns três ou quatro chegaram a vir aqui e começaram a levantar os barracos, mas nós, assim que soubemos, colocamos um vigia aqui e os retiramos. O problema é que ficamos sabendo que um grupo estava articulando uma grande invasão e, por isso, decidimos tomar medidas mais severas para evitar essa que, infelizmente, se tornou uma prática criminosa comum no nosso Estado”, explicou.

Na manhã de sábado, quando a equipe de reportagem da Folha esteve no local, o empresário retirou todos os restos de construção deixados pelos invasores, inclusive derrubando um muro que já havia sido levantado. “Como estamos ao lado de uma invasão de uma área que era do Governo, eles pensam que aqui é da mesma forma. Mas não é. Eles já tomaram cerca de 17 metros dos limites do meu terreno, mas, para evitar confusão, eu preferi deixar para lá”, afirmou Sabino.

Conforme o empresário, a área foi adquirida há pouco tempo e ainda passa por processo de obtenção de licenças. “A área está vazia porque a imobiliária ainda está trabalhando no processo de obtenção de todas as licenças para poder fazer o loteamento antes da comercialização dos lotes, processo que deve demorar ainda cerca de seis meses”, justificou. Quando estiver pronto, o loteamento terá capacidade para 325 lotes, com especulação de R$ 40 mil cada.

Dentre os “esquemas” apurados pela Folha, o grupo que articulava invadir o local estava realizando o cadastro de pessoas e cobrando de R$ 300 a R$ 560 por lote no local. “O que mais nos deixa indignado com a situação é que pessoas oportunistas se utilizam da ingenuidade de pessoas humildes para lucrar. Invasão, seja em área privada ou do governo, é crime. Gente sem instrução nenhuma faz desse crime um comércio que só tira das pessoas a dignidade e não dá nenhum retorno. Tudo isso é inaceitável!”, avaliou o proprietário. (J.L)