Cotidiano

Após caso de raiva, morcegos são monitorados e capturados

Devido ao caso de raiva humana que vitimou um adolescente, Aderr está ajudando a Sesau a capturar morcegos para análise, no bairro Asa Branca

A Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr) é a responsável pelo trabalho de monitoramento de morcegos na zona rural para evitar a proliferação de raiva humana, também conhecida como hidrofobia, no Estado. Um morcego foi o vetor da doença transmitida por um filhote de gato que vitimou um adolescente de 14 anos em Boa Vista.

Esta semana, técnicos da Aderr darão suporte à Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) para fazer a captura de morcegos em uma área de 12 quilômetros no bairro Asa Branca, zona Oeste, onde ocorreu esse caso de raiva humana. “Agora, com esse caso, que infelizmente aconteceu, estamos dando suporte à Sesau e estamos deslocando equipe na área que aconteceu o acidente. Vão sair e colocar redes ao redor dos focos e fazer capturas. Desses, 10% serão mandados para o laboratório para ver se existe alguma outra população de morcego contaminada que pode disseminar a doença”, informou o diretor-presidente da Aderr, Vicente Barreto.

Após a confirmação do caso, o primeiro registrado em 40 anos no Estado, o monitoramento, feito por meio do Programa de Combate da Raiva dos Herbívoros, foi intensificado em propriedades localizadas na zona rural e no bairro Asa Branca, zona Oeste, onde a vítima residia.

Barreto explicou que o trabalho é feito a partir de demanda de moradores da zona rural. “Os produtores informam que está tendo ataque dos morcegos hematófagos nos animais pecuários, como bovinos, suínos e equinos, além de aves, e deslocamos equipes para lá com todo o equipamento de rede e de pastas não perecíveis”, disse.

Conforme ele, os técnicos agropecuários fazem a captura dos morcegos cercando os currais. “Quando percebem que há morcegos vampiros, eles pegam os animais e colocam em uma gaiola. Quando amanhece, passam uma pasta no beiço deles e eles lambem. Com isso, há o controle da população”, explicou.

Barreto esclareceu que a raiva possui cinco variantes, sendo que em apenas duas a doença atinge animais domésticos e da pecuária. “Nós temos cinco variantes do vírus. As variantes 3 e 4 acometem animais da pecuária, herbívoros, que é justamente onde nós atuamos. A gente não atua fazendo controle dos morcegos na cidade, embora circulem em área urbana. A raiva é um vírus que acomete todos os animais de sangue quente, principalmente os mamíferos, cães e gatos. Animais da nossa fauna estão suscetíveis à doença”, destacou.

Após o trabalho de captura dos morcegos, amostras dos animais são enviadas para laboratórios. “Não temos recebido nenhuma demanda nos últimos anos. Quando há suspeita, como existiu ano passado, no Sul do Estado, recomendamos vacinação do rebanho e o problema é controlado. Infelizmente, a vacina não é compulsória, faz parte do manejo da fazenda e somente quando há constatação de um foco nós obrigamos os produtores a vacinar. O controle é feito e temos a maior preocupação de saber se tem o vírus circulando no morcego”, ressaltou. (L.G.C)