Cotidiano

Após morte de bebê, família denuncia negligência médica

Grávida tinha diabetes e hipertensão e teria pedido parto cesárea; Governo lamentou morte de recém-nascido

Familiares de uma paciente internada no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth, localizado no bairro São Pedro, denunciaram à Folha negligência por parte da equipe médica que realizou o parto de Maria Helena Conceição no fim de semana. O recém-nascido foi a óbito três horas depois.

Segundo familiares de Maria Helena, ela teria entrado na maternidade no dia 25 deste mês para ter o bebê. Com 30 anos de idade, a paciente foi alertada logo nos primeiros dias de gravidez que sua gestação era de alto risco, pois sofria com diabetes e hipertensão.

Ao chegar ao hospital, ela teria informado à equipe médica sobre as doenças e pedido para ter a criança sob parto cesárea. Desde a sexta-feira, 26, o médico tentava induzir o parto normal. No sábado, 27, o médico que estava cuidando do parto teria percebido que Maria Helena não tinha a possibilidade de ter o parto normal e conduziu a paciente para realizar a cesárea.

A mãe não chegou a conhecer o bebê, que foi direto para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Uma familiar da paciente acredita que o bebê já tenha nascido sem vida. “O parto foi pela manhã, cheguei à unidade pela tarde, quando a criança respirava apenas por aparelhos. Tinha muitos médicos em cima do bebê. Eu acredito que ele já estava morto, mas só confirmaram a morte por volta das 14h do sábado”, disse à reportagem.

A tia da criança ainda faz um apelo sobre a situação e relembrou que recentemente foi registrado outro caso de morte na unidade. “Peço que as famílias tenham atenção ao ir para esta maternidade. Esse não é o primeiro caso, isso não é normal. Eles não têm noção do que essa criança significava para nossa família. Maria não podia ter filhos, e depois de 14 anos de espera e muita oração, aconteceu isso”, lamentou.

OUTRO LADO – Em nota, a Secretaria de Comunicação Social do Governo de Roraima esclareceu que a unidade hospitalar adotou os protocolos indicados pelo Ministério da Saúde. A paciente foi internada no dia 25, quando foram feitos todos os exames para avaliar a saúde da mãe e do bebê.

Após resultados estáveis, foi iniciada indução de trabalho de parto, uma vez que pacientes diabéticas e hipertensas não têm, necessariamente, indicação de cesariana apenas por causa das patologias, e o parto natural é sempre a primeira opção.

A paciente respondeu à indução, entrando em trabalho de parto e evoluiu até a dilatação completa, mas foi indicada a cesariana, pois o bebê não desceu para o canal do parto. Após o nascimento, o bebê foi prontamente atendido pelo neonatologista, sendo transferido para a unidade neonatal para suporte, mas infelizmente evoluiu para óbito.

De todo modo, será aberta sindicância para avaliar mais detalhadamente o caso. A direção da unidade lamenta o ocorrido e solidariza-se com a família, prestando todo o apoio necessário. (A.T)