Cotidiano

Após perda de concessão, servidores da CERR devem paralisar hoje

Mesmo com o anúncio de uma possível reunião com representantes do Governo do Estado, a paralisação não está descartada

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de Roraima (Stiu-RR) informou que está prevista para ocorrer na manhã desta segunda-feira, 8, a paralisação geral dos servidores da Companhia Energética de Roraima (CERR) com o objetivo de derrubar o decreto publicado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), que indeferiu o pedido de prorrogação da concessão da empresa. O movimento está marcado para ocorrer em frente ao Palácio do Governo e, até o momento, não tem prazo para término.

O diretor-financeiro do Stiu-RR, João do Povo, informou que houve o pensamento de suspender o movimento grevista, pois havia uma conversa entre o Governo e o sindicato em que parte das reivindicações da categoria seriam contempladas. “Nós fomos surpreendidos na sexta-feira, cedo, com a cassação da concessão da CERR, que significa que a empresa não pode mais trabalhar nessa área do fornecimento de energia elétrica para a população do estado de Roraima. Isso criou uma animosidade muito grande no seio da categoria porque o entendimento dos servidores é que eles perderam o emprego praticamente, a empresa não existe mais, está só de fachada. Inclusive a governadora [Suely Campos] lançou uma nota dizendo que não tem mais responsabilidade e nós tentamos atenuar essa animosidade, mas eles infelizmente não ouviram o sindicato e vamos partir para o movimento grevista por tempo indeterminado a partir de segunda-feira”, informou João do Povo.

“Nós vamos pedir que as autoridades políticas voltem um olhar diferenciado para a população. O Ministério de Energia não está totalmente inteirado da real situação em que se encontra o Estado. Alguém deve ter chegado lá e pedido para sair esse decreto sem se ater ao grau de periculosidade e à grande situação de caos que a população de Roraima vai passar”, reforçou.

De acordo com o diretor de Assuntos Gerais do Stiu-RR, Luiz Laranjeiras, uma das principais reivindicações do sindicato é fazer uma reforma política na Companhia Energética, que, segundo ele, possui gestores que não trabalham pela empresa e pela população. “Os gestores não zelaram pelas coisas da empresa. Por isso nós estamos querendo que troque por pessoas que possam nos ouvir, possam fazer realmente gestão com competência e que procurem resolver o problema da CERR. Era para ter limpado a empresa, como a governadora disse para nós que ia fazer no início da campanha”, disse.

PREJUÍZOS – Caso a paralisação seja realmente instaurada, João do Povo acredita que a tendência é que o Estado fique no escuro. “Se o sistema chegar a cair, não terá ninguém para levantar o sistema. Se uma usina se desligar por alguma circunstância, não tem o servidor lá para levantar o sistema”, disse. “Isso está na iminência de acontecer, até porque o sistema é frágil demais, todo dia falta energia. Quando falta, os companheiros correm, corrigindo a rede, e agora, se faltar, não tem mais esses companheiros para correr atrás dessa situação e consertar. Nós trabalhamos dentro dos 14 municípios. Então todo o interior está vulnerável à situação da suspensão de fornecimento, mas eu acredito que o mais vulnerável é o Sul do Estado”, acredita.

O diretor também informou que, caso a paralisação seja prolongada, será difícil manter a porcentagem de 30% dos servidores executando o serviço, apesar de o sindicato entender que a decisão seria ilegal, haja vista que os trabalhadores “não se veem mais como empregados”. “O povo precisa de energia mesmo aos trancos e barrancos, mesmo a coisa precária, mas eles estão usufruindo disso. Se for suspensa a medida, os trabalhadores voltam a atuar, com dificuldades, com todos os problemas, mas voltam e a população volta a ter energia”, disse.

POSSÍVEL REUNIÃO – Sobre a declaração do Chefe da Casa Civil, Oleno Matos, durante o programa Agenda da Semana, na Rádio Folha 1020 AM, no domingo, 7, de que o Governo do Estado iria agendar uma reunião na manhã de hoje com o sindicato para tratar sobre a concessão da Companhia Energética, Luiz Laranjeiras reforçou que, mesmo com a garantia do Governo, a paralisação ainda não está descartada. “A paralisação continuará enquanto o Governo não nos der um documento com segurança. Palavra não existe”, afirmou.(P.C.)