Cotidiano

Associação denuncia falta de medicamento para pacientes renais

Remédio que previne a rejeição ao transplante renal e deve ser tomado diariamente está com dosagem de 360 mg em falta no estado 

Marcos Martins

Colaborador Folha

Pacientes transplantados renais estão enfrentando dificuldades para conseguir um medicamento importante para seu tratamento em Boa Vista. Segundo denúncia feita pela Associação dos Transplantados Renais de Roraima, são cerca de 30 pessoas precisando de micofenolato de sódio de 360 mg que é de responsabilidade do Estado fornecer, e não estão conseguindo a medicação.

Conhecido como um imunossupressor, ele é fundamental para que os órgãos que foram transplantados não sejam rejeitados pelo organismo e devem ser tomados pelo resto da vida, pois a pessoa que recebeu um transplante pode perder o órgão ou até morrer.

Conforme o presidente da Associação dos Transplantados Renais de Roraima, Silvio Teixeira, os pacientes estão com dificuldades de encontrar o remédio de 360 mg e só conseguem o de 180 mg. “Esse já é um remédio muito caro e o comprimido de 360 mg não tem. Por isso, o paciente tem que ir com seu médico e pegar um laudo novo mudando para o de 180 mg”, explica.

O problema, segundo Silvio, é que tem vindo em pouca quantidade do remédio de 180 mg disponível e o que tem está se esgotando rapidamente, não atendendo a demanda. “O paciente transplantado tem que tomar o comprimido de 180 mg e isso dobra a quantidade de remédios que ele pega. Quem tomava dois comprimidos de 360 mg pela manhã e dois pela noite, vai ter que tomar quatro de manhã e quatro de noite. São mais caixas de remédio solicitadas e com isso a quantidade de remédio que estava disponível também já está esgotando. Aguenta poucos dias e não dá para todo mundo”, analisa o presidente.

Ainda conforme a Associação de Transplantados Renais de Roraima, a medicação que está atualmente disponível vai durar no máximo três dias e a previsão da Assistência Farmacêutica é que a nova remessa chegue apenas na segunda quinzena do mês de agosto. “Para quem tem que tomar essa medicação diariamente, esperar mais de 15 ou 20 dias já vai ter problemas com o órgão transplantado. Não espero que isso aconteça, mas os pacientes chegam a correr risco de vida”, desabafa o presidente.

A reportagem procurou a Secretaria de Estado da Saúde de Roraima (Sesau) para pedir explicações sobre a manutenção do medicamento para os pacientes transplantados renais e os motivos de o problema com o abastecimento estar acontecendo, mas até o fechamento desta edição não obteve nenhuma resposta.