
A Hutukara Associação Yanomami (HAY) emitiu uma nota pública nessa sexta-feira, 19, expondo problemas na Terra Yanomami e cobrando soluções do Governo Feral.
De acordo com o documento, a Hutukara enviou diversos e-mails aos órgãos do Governo Federal desde o dia 18 de dezembro, solicitando autorização para sobrevoos de monitoramento nos dias 15, 16 e 17 de janeiro. A aeronave não iria fazer pouso em nenhuma comunidade, nem atividade de solo dentro do território
“Estes voos seriam realizados com a finalidade de verificar a situação das áreas afetadas pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, após ter recebido diversos alertas das comunidades indígenas. Estavam previstos sobrevoos nas regiões do Parima, Auaris, Waikás, Palimiu, Uraricuera, Apiaú, Alto Catrimani, Baixo Catrimani, Aracaçá, Homoxi, Xitei, Papiu e Alto Mucajaí”, diz trecho da nota.
Ainda conforme a nota, documentos foram enviados para a Fundação Nacional do Povos Indígenas (FUNAI) e Ministério dos Povos Indígenas (MPI).
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“Em dezembro, a Funai informou que a HAY deveria enviar o pedido de autorização do sobrevoo para o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), que respondeu para a Huturaka no dia 29 de dezembro, direcionando a Hutukara a enviar o pedido de autorização para o Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER). Já o EMAER informou a HAY que o documento de solicitação de autorização para os sobrevoos deu entrada no sistema interno da aeronáutica no dia 04/01/2024 e estava sendo tratado na subchefia”, disse.
Sem reposta do pedido de autorização para os sobrevoos, a Hutukara teve que cancelar o trabalho que, de acordo com eles, está sem previsão para acontecer.
“O resultado dos sobrevoos nas áreas mais afetadas pelo garimpo geraria o relatório de um ano do balanço de crise humanitária no território, assim como uma avaliação do trabalho do governo federal”, explicou.
Após as declarações dadas pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, em live concedida na terça-feira, 16, em redes sociais, a Associação se disse surpresa com as afirmações.
“Diante dessas declarações, a HAY vem relembrar que há anos a Hutukara vem denunciando ao poder público a invasão do garimpo na Terra Indígena Yanomami e suas atrocidades. Somente nos últimos anos diversas ações e documentos foram lançados”, destacou.
Casa de governo
Sobre a criação da Casa de Governo, em Boa Vista, no valor de R$ 1,2 bilhão, a Associação afirma que não foi consultada sobre o assunto.
“A HAY vem esclarecer que em nenhum momento durante a realização do Fórum de Lideranças Yanomami e Ye’kwana, ocorrido em julho do ano passado, na região de Maturacá, houve alguma pactuação entre as lideranças e o governo federal sobre qualquer tipo de Plano de Ações direcionado a crise humanitária na TIY e as lideranças somente tomaram conhecimento da existência dessa nova ação de estrutura permanente em Roraima para coordenar as ações e serviços públicos direcionados a nós, povos da Terra Yanomami, por meio da imprensa. O governo federal não dialogou com as lideranças para saber qual melhor plano a ser trabalhado para salvar o nosso povo dessa tragédia, por isso as ações do primeiro ano foram frustradas. Não está claro para as associações indígenas Yanomami e Ye’kwana como vai funcionar essa Casa de Governo e como os serviços serão coordenados dentro da TIY, pois é lá que está a crise, não na cidade”, finaliza a nota.