Desde que a crise migratória se instalou em Roraima, o aumento da demanda de atendimento tem impactando diretamente os serviços de saúde em Boa Vista. Entre janeiro e junho deste ano, (primeiro semestre) já foram feitos 62.962 atendimentos gerais no Hospital da Criança tanto para brasileiros como estrangeiros.
Desde 2016, o número de atendimentos vem crescendo muito nestes primeiros semestres de cada ano, quando Roraima está nos meses de chuvas. De acordo com a legislação, todo e qualquer cidadão, independentemente de nacionalidade, tem o direito de receber atendimentos no Sistema Único de Saúde.
JAN/JUN
ATENDIMENTOS
PORCENTAGEM
2016
39.585
Entre os primeiros semestres de 2016 e 2019 a procura aumentou 60%, período de agravamento da crise migratória
2017
45.673
2018
60.162
2019
62.962
O total de atendimentos no primeiro semestre deste ano equivalente a mais da metade do número de atendimentos feitos em 2015 inteiro, antes da crise migratória. O período sazonal é uma época em que aumentam os casos de doenças respiratórias. A procura pelos serviços de saúde cresce em média 30%.
De acordo com a diretora-geral do hospital, Dra. Mareny Damasceno, o trabalho na unidade de saúde é constante. “Já estamos quase ultrapassando o número de atendimentos gerais no ano de 2015 em apenas seis meses. Nós temos trabalhado com muita seriedade para garantir que todos sejam atendidos, mesmo em meio às dificuldades com a saída de 10 médicos e as obras na unidade que não param”, destaca.
Hospital perdeu 10 médicos que assumiram outros cargos
Nos últimos meses, cerca de 10 profissionais, dentre eles do programa Mais Médicos, solicitaram o desligamento do HCSA para assumirem vagas em outras localidades. Mesmo com todo o esforço da administração, esse imprevisto impactou a rotina de serviços em Boa Vista ocasionando a redução da escala de médicos, que não tem sido suficiente para atender a demanda prevista para o período sazonal, intensificada por conta da crise migratória.
Seletivo vai destinar médicos para o Hospital da Criança
Para enfrentar esse desafio de forma emergencial, a prefeitura lançou o processo seletivo para a contratação de novos médicos para fortalecer o atendimento no HCSA. A prefeitura disponibilizou 143 vagas para médicos, entre clínicos gerais, especialistas e outros para a rede municipal de saúde. A previsão é de que os profissionais sejam contratados até o final de julho.
Mesmo assim, de acordo com o secretário municipal de Saúde, Cláudio Galvão, o número de profissionais inscritos não atinge a meta de vagas disponíveis. “A prefeitura tem encarado essa crise com muita responsabilidade e planejamento. Infelizmente em Roraima sofremos com o problema da falta de profissionais em algumas especialidades médicas ou profissionais que estejam interessados no serviço público. Nosso foco agora é garantir que a escala de médicos do HCSA seja fortalecida”, destaca.
De 2013 até o momento, a prefeitura já fez um processo seletivo e um concurso público para contratação de médicos para o HCSA, que já empossou 1.145 profissionais, além do seletivo atual em curso que pretende contratar mais 143 para entender à demanda urgente da rede municipal de saúde (hospital e postos). Um novo concurso para a saúde já está sendo planejado.
Grande parte dos pacientes poderia ser atendida em postos de saúde
De acordo com a direção do HCSA, a maior parte dos pacientes que busca atendimento na emergência do hospital é de classificação azul e verde, ou seja, não necessita de atendimento urgente e imediato e poderia ser atendido nas unidades básicas.
“Nesse momento é muito importante informar aos pais e responsáveis para que eles procurem o atendimento ideal e evitem que essas crianças tenham de esperar por mais tempo. As unidades básicas de saúde estão preparadas para o atendimento e identificar se é necessário encaminhar para uma consulta no hospital, para um exame ou mesmo uma internação”, explica Mareny.
O serviço de urgência e emergência como o Hospital da Criança Santo Antônio, no caso de crianças, e unidades hospitalares para adultos como o HGR, devem ser procurados em casos mais graves como pessoas acidentadas, infarto, vítima de tiro por armas de fogo ou armas brancas, quedas, febre acima de 38º, fraturas e outros, que têm prioridade no atendimento.
Investimentos da prefeitura evitam colapso na saúde
Desde o início da gestão da prefeita Teresa Surita os investimentos na área da Saúde são prioridades. O Hospital da Criança, única unidade hospitalar de atendimento para crianças em Roraima e países fronteiriços, nunca havia recebido nenhuma reforma desde que fora construído.
Ao assumir a gestão, a prefeita conseguiu articular recursos para iniciar um grande projeto de revitalização e reforma da unidade. Já foram inaugurados quatro blocos com a reforma, dentre eles a urgência e emergência, que conta também com uma nova Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
Todos os blocos inaugurados receberam nova estrutura física e mobiliários novos, mais leitos, além de equipamentos de ponta e de referência para a realização dos exames e resultados de diagnósticos.