Cotidiano

Aterro sanitário se transforma em lixão

Prazo de quatro anos para que lixões sejam substituídos por aterro sanitário encerrou-se em agosto do ano passado

Sem ter conseguido implantar um sistema de coleta seletiva, as oito toneladas de resíduo doméstico que são jogadas por mês no aterro sanitário da cidade, à margem do trecho sul da BR-174, na saída para Manaus (AM), começam a preocupar os moradores. A montanha de lixo no local, que possui uma altura de cerca de dez metros e deveria ter sido extinto no ano passado, cresce de forma descontrolada.
O aterro já virou um lixão na área urbana da cidade, que polui o lençol freático, além de contaminar o igarapé Wai Grande, que passa ao lado. Por dia, cerca de 300 quilos de lixo são despejados no local. De acordo com o especialista em recursos hídricos da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Vladimir de Souza, a situação traz riscos à saúde da população. “É um lixo que não é tratado, não é reciclado, simplesmente é jogado de forma irregular. É claro que acaba afetando o igarapé e o lençol freático. Não é um aterro, é um lixão a céu aberto, então a poluição naquela área é grande”, alertou.
Em Roraima, mesmo após o prazo para as prefeituras substituírem os lixões a céu aberto por aterros sanitários ter sido encerrado em agosto do ano passado, nenhum dos 15 municípios cumpriu a determinação imposta pela lei que proíbe os lixões em áreas urbanas, sancionada em 2010. Para o especialista, o caso é de extrema urgência e deveria ter uma atenção maior por parte das autoridades. “É um local que não deveria nem existir, principalmente por funcionar dentro da cidade”, disse.
Sem ter como controlar o crescimento da montanha de lixo que se forma no local, catadores de materiais recicláveis e funcionários acabam ateando fogo nos resíduos, o que acaba piorando a situação. “Aquele lixo vai levar décadas se decompondo e liberando materiais nocivos. Se queimar é ainda pior, porque acaba liberando uma substância cancerígena chamada de dioxina, que é espalhada direto no ar. O problema é sério, contamina a água, o solo, as plantações e tudo, causando sérios riscos para a população”, explicou Vladimir de Souza.
Para quem depende do dinheiro conseguido através da coleta de materiais recicláveis, o risco tem que ser deixado de lado e encarado como algo passageiro. É o caso do catador Samuel Trajano, que passa as noites catando latinhas no local para garantir o sustento da família. “Tem gente que passa a semana toda aqui, faz barraco para passar a noite trabalhando. Às vezes consigo ganhar R$ 50,00 por dia, outras vezes só R$10,00. Ainda assim, garanto o sustento da minha família”, relatou.
PREFEITURA – Em nota, a Secretaria Municipal de Gestão Ambiental e Assuntos Indígenas informou que trabalha em parceria com a pasta de Obras e Urbanismo, na elaboração de um projeto para a construção de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, que se encontra em fase de licitação. O projeto será executado em uma nova localidade e inclui a construção de um novo aterro sanitário. (L.G.C)