Mais de 15 barracos foram construídos às margens do igarapé Wai Grande, perto do aterro sanitário, que já se transformou em um lixão a céu aberto, na saída Sul de Boa Vista pela BR-174. Famílias inteiras que dependem do lixo também ergueram 10 barracos dentro do lixão. Crianças catam lixo no local. O risco de contaminação de doenças é grande.
Vários acidentes já foram registrados na lixeira. Catadores morreram atropelados pelo caminhão coletor. Mas as famílias que trabalham no local, em condições subumanas, alegam que não têm como viver e que sobrevivem catando lixo. O forte odor já não incomoda mais.
Além do fator humano, o meio ambiente também sofre naquela área. O leito do igarapé Wai Grande, por exemplo, perto da lixeira, já está praticamente morto. O impacto na natureza é visível. Antes cristalina, agora a água do igarapé é turva e fedida. Mesmo assim, com risco iminente de contaminação, os catadores utilizam a água diariamente.
Último levantamento feito apontou cerca de 300 pessoas morando na lixeira e imediações, todas sobrevivendo do lixo. O secretário do Fórum Estadual Lixo e Cidadania, Fábio Almeida, lamentou que, desde agosto de 2012, a Prefeitura de Boa Vista ainda não elaborou um plano de gestão integrada de resíduos sólidos, o que, segundo ele, seria o primeiro passo para a construção de um aterro sanitário de acordo que obedeça às leis ambientais.
Sobre as centenas de famílias no lixão, Almeida lamentou mais uma vez. Disse que a Prefeitura não cumpriu o acordo que fez com o Ministério Público do Trabalho, com o Fórum e com a cooperativa dos catadores.
Somente após o cumprimento deste acordo, segundo o secretário, é que a PMBV poderá retirar os catadores da lixeira.
“A Prefeitura cumpriu 50% do acordo, mas o mais importante ela não fez. Tem que regulamentar que empresas públicas e privadas destinem seus resíduos para os catadores. Isso vai ajudá-los a sobreviver fora do lixão”, observou.
Plano de Resíduos Sólidos já está licitado, afirma Prefeitura
Com relação ao novo espaço para instalação do novo aterro sanitário, a Prefeitura Municipal de Boa Vista enviou nota esclarecendo que depende da realização do Plano de Resíduos Sólidos, que já se encontra licitado e com o contrato assinado para ser elaborado.
Destacou que a Secretaria Municipal de Gestão Social trabalha constantemente na identificação e na orientação às famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade. “Mesmo com todas as ações para retirada, muitas famílias insistem em permanecer no local, mesmo sendo impróprio para habitação”, frisou. (AJ)