Cotidiano

Ativistas analisam avanços para a população LGBTI no país

Para eles, o conservadorismo e o preconceito velado ainda prejudicam a cidadania plena desta minoria no Brasil

Nesta sexta-feira, dia 28, é comemorado o Dia do Orgulho LGBTI. A data surgiu em razão de um conflito violento ocorrido no ano de 1969, em Nova York. Desde esse episódio, a data é lembrada mundialmente pelo combate as discriminações contra gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersex.

“Tudo começou há 50 anos, após o episódio de violência no Bar Stonewall Inn, em Nova York. Foi em razão dessa situação, onde cansados de serem agredidos, esses ativistas se rebelaram contra o tratamento que era dado a nossa população. Até hoje ainda existe esse tipo de conduta desumana, por conta do conservadorismo das pessoas, mas aos poucos conseguimos ser notados com pessoas que também merecem respeito. Então, eu avalio que temos o que comemorar nesta data”, afirmou Sebastião Diniz Neto, presidente Estadual de Políticas LGBTI.

Em razão deste acontecimento, caracterizado pela a perseguição da polícia contra essa minoria e que durou mais de duas noites, os ativistas da época se uniram contra os abusos do conservadorismo da época, resultando no surgimento da 1° Parada do Orgulho LGBTI, realizada no dia 1° de julho de 1970. Hoje, as paradas acontecem em quase todos os países do mundo e em muitas cidades do Brasil ao longo do ano.

“O Brasil é o país que mais possuem paradas LGBT no mundo, hoje as famílias LGBTIs são reconhecidas, uma vez que antes o casamento de pessoas do mesmo sexo era permitido apenas por meio de um contrato de união estável, e recentemente o STF decidiu criminalizar a LGBTIfobia no Brasil, que agora é crime comparado com o racismo. Essa é mais uma proteção a nossa comunidade, que constantemente é perseguida e morta”, frisou.

Mãe de LGBTI e coordenadora da Associação de Mães pela Diversidade, Viviane Morales também destaca a importância da data.

“Além de lembrar as pessoas de todos aqueles que já lutaram pela causa LGBTI, também temos que enaltecer todos os avanços conquistados até agora, mesmo que pequenos, mas que são bastante significativos. E a gente nota também que as pessoas aparentemente estão criando mais coragem para se assumirem cada vez mais o que são, mesmo com essa mudança de Governo, onde o próprio o presidente admitiu ser preconceituoso”, comentou.

Para ela, o conservadorismo e o preconceito velado são as questões que precisam ser combatidas dentro do seio da social, principalmente entre a população roraimense

“Nosso Estado é extremamente conservador e bastante homofóbico, infelizmente, e eu acredito que isso tem muito a ver pelo fato de sermos uma cidade pequena, onde todo mundo se conhece. As pessoas não têm a coragem de falar as coisas na cara, ou seja, falam por trás, o que é bem pior. Somente aquelas que se assumem são as que sofrem com o preconceito, principalmente os afeminados ou que possuem baixo poder aquisitivo. Ninguém tem coragem de falar mal um juiz ou um advogado que seja homossexual assumido, mas aquele que é mais pobrezinho, esse sim sofre”, completou.

SEMINÁRIO – Em Roraima, a data será lembrada na próxima quinta-feira, dia 4 de julho, com a realização do Seminário “Orgulho de ser LGBTI: Identidade e Representatividade”, evento que ocorrerá a partir das 14 horas no auditório Alexandre Borges, situado no Campus Paricarana da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

Além de ativista da comunidade LGBTI e profissionais da saúde, o evento organizado pelo Conselho Estadual de Políticas LGBTI, em parceria com UFRR e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), contará com a presença de jornalistas locais para discutir a abordagem do tema sobre o assunto.