Cotidiano

Atraso no pagamento afeta beneficiários e comerciantes

Com um valor geral de quase R$ 4,2 milhões por mês, o dinheiro que deveria beneficiar as famílias também faz falta na economia local

Mais de 30 mil famílias estão sendo prejudicadas com o atraso no pagamento do Programa Crédito do Povo. O número representa quase 20% da população do Estado. Com um valor geral de quase R$ 4,2 milhões por mês, o dinheiro que deveria beneficiar as famílias também faz falta na economia local. Em quatro meses sem pagamento, já se somam mais de R$ 16 milhões.

Na prática, a ordem do fluxo do benefício é atender, primeiramente, a família, o comércio, o fornecedor e, por fim, a indústria. Em relação às famílias, o maior problema do atraso gira em torno da segurança alimentar, tendo em vista a condição de baixa renda já declarada na inscrição do programa. Em alguns casos, o dinheiro chega a ser utilizado para o pagamento de despesas básicas, como água e energia elétrica.

No caso dos pequenos comércios, o prejuízo no atraso do pagamento é intensificado por uma característica particular: o fiado aos conhecidos. Por ser, na maioria das vezes, um comércio de bairro, onde todos se conhecem, o comerciante confia o fiado acreditando que o dinheiro do comprador vai cair em determinado dia. Quando ele não cai, o pequeno comerciante é prejudicado na hora de pagar as contas e o fornecedor.

Para o economista Dorcílio Erik, o recurso funciona como uma transferência de renda. “O governo deposita R$ 120,00 para uma família que, por sua vez, o transfere para pagar contas no comércio e tributos. Dessa forma, o governo atende não só a família, como também a expectativa dos comerciantes”, disse. A partir do momento que o recurso não entra, a cadeia de distribuição é comprometida.

O atraso foi atribuído ao pagamento de parcelas de dívidas contraídas pela administração anterior que, de acordo com a Secretaria Estadual do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), prejudicaram os recursos do Estado como um todo, e não só o programa.

Para regularizar os pagamentos, a Setrabes informou que “depende do posicionamento da Assembleia Legislativa do Estado de Roraima (ALE-RR) em relação à avaliação dos vetos às emendas que retiraram mais de R$ 44 milhões do Orçamento do Executivo”. Caso os vetos sejam derrubados, o governo vai precisar reajustar todo o planejamento já feito, incluindo, neste aspecto, o programa.

A Folha entrou em contato com a Assembleia Legislativa para se pronunciar em relação ao caso, mas até o fechamento desta matéria, às 18h, não obteve resposta. (A.G.G)