O Ministério Público de Roraima, por meio da promotoria de Defesa da Saúde, promoveu, na manhã de ontem, na sede do órgão, no bairro São Pedro, zona Leste, uma audiência pública para discutir o fortalecimento de ações de combate aos criadouros do Aedes aegypti, mosquito transmissor de doenças como dengue, febre chikungunya e zika vírus.
A ação contou com a participação de representantes da Sala Estadual de Coordenação e Controle a Endemias e de Enfrentamento à Microcefalia, gestores públicos estaduais e municipais, conselheiros de Saúde, representantes da sociedade civil e demais agentes envolvidos nas ações de combate às doenças.
Conforme a promotora de Saúde, Jeane Sampaio, o evento teve como principal finalidade ajustar as atividades de combate ao mosquito, conforme orientação das Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde (MS). “Vamos ver quais as medidas que cada município estará adotando em relação às ações de combate ao Aedes aegypti. A gente quer realmente que essas atividades estejam de acordo com as diretrizes nacionais e que se evite, de fato, um risco de epidemia no nosso Estado”, afirmou.
Segundo ela, a antecipação de ações é de fundamental importância, uma vez que, além de alguns municípios apresentarem dados não satisfatórios em relação à cobertura de visita a domicílios, a chegada do período chuvoso pode potencializar os riscos de proliferação do mosquito. “A gente observa que existe uma mobilização, no entanto, algumas medidas ainda precisam ser ajustadas. Se nós não tomarmos essas providências agora, o período crítico tende a gerar situações de epidemia. Se as medidas não são tomadas no momento oportuno, poderemos colher frutos ruins mais para frente”.
DADOS – Segundo dados da Coordenadoria-Geral de Vigilância em Saúde, dos 189.990 imóveis visitados no primeiro ciclo de ações do ano, 70.301 foram vistoriados com sucesso, 17.541 estavam fechados e 166 tiveram recusa de acesso. Ainda de acordo com a CGVS, do número de imóveis fechados e de recusa de acesso, as equipes conseguiram reaver a situação de 3.797 locais.
“O Governo do Estado tem uma participação fundamental nessas discussões, já que é ele quem vai nortear os trabalhos que serão feitos pelos municípios. Essa audiência pública foi uma orientação da Sala Nacional de Combate a Endemias. Nós estamos sofrendo uma epidemia no País dessas doenças, sobretudo da zika. Tem a chegada do inverno agora. Então a gente quer se antecipar, cobrar ações efetivas dos municípios para que eles possam aumentar o número de visitas, a qualidade e eficiência dessas ações de campo, para que nos livremos dessas doenças endêmicas”.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), em 2015, foram registrados 951 casos confirmados de dengue, 17 casos de chikungunya e 21 casos de zika vírus, sendo 18 no Município de Boa Vista e três em Mucajaí. Já os casos de microcefalia, a secretaria estima 16 notificações suspeitas, o que tem deixado autoridades sob atenção.
“Roraima permanece hoje com uma cobertura de 37%, sendo este um índice muito baixo. Por isso agora, por recomendação da Sala Nacional, nós envolvermos o MP, que tem todo esse poder de fiscalização, para que realmente sejam cobradas ações mais intensas dos municípios, porque o Estado vem fazendo a sua parte. Hoje, na média nacional de cobertura, os nossos 14 municípios estão com índices acima de 70% e somente a Capital está com 20%. Então, essa reunião é para cobrar providências, para que essas ações sejam intensificadas antes do início do período crítico”, salientou a coordenadora estadual de Vigilância em Saúde, Daniela Souza.
BOA VISTA – Para o secretário municipal de Saúde de Boa Vista, Rodrigo Jucá, a reunião é mais um passo para a reafirmação de políticas de enfrentamento às endemias causadas pelo Aedes aegypti, ressaltando ainda a preocupação do município em cumprir todas as ações de controle do vetor.
“Atualmente, o Ministério da Saúde monitora o vetor pelo número de visitas realizadas nos imóveis, enquanto nós monitoramos a situação pelo número de infestação encontrado nos imóveis residenciais. Então, a nossa preocupação é mais focada na questão da infestação, do trabalho manual do combate do criadouro. A gente confia no nosso método de trabalho, tanto que, nos últimos anos, a Capital tem conseguido manter a situação das doenças do Aedes sob controle. A gente vai fortalecer esse trabalho, aumentar o trabalho de campo, aumentar tudo aquilo que a gente puder fazer, para que realmente a nossa população não sofra”, frisou. (M.L)