Roraima pode não estar entre os maiores produtores de milho do país, mas está próximo de garantir sua autossuficiência na produção desse grão. E a prova mais concreta para esse feito é que este ano a área para o cultivo de milho no estado dobrou com relação ao ano passado. Em 2018 era entre sete e oito mil hectares e hoje está próxima de 15 mil hectares. Em cada hectare estão sendo produzidas sete toneladas, o que representará mais de um milhão de toneladas do produto nesta safra.
Quem comemora esse resultado é o presidente da Associação de Produtores de Soja de Roraima, Ermilo Paludo. Ele explicou que, mesmo com essa expectativa, o preço do milho continua instável e o valor onera bem o produtor, no que diz respeito aumentar o ônus para os produtores.
“Em Roraima a média de produção do milho é entre 100 e 120 sacas por hectare. Tem alguns produtores que estão conseguindo produzir em pivô [sistema de irrigação] até 150 sacas por hectare, o que é uma coisa muito boa. A gente melhorando a adubação com irrigação consegue uma produção bem melhor”, ressaltou Paludo.
Segundo ele, o comércio local absorve boa parte da produção de milho, que também é exportado para a Guiana que compra ainda o farelo de soja. “Isso é muito positivo para Roraima, para os produtores. Temos aqui pequenas fábricas que estão aumentando a capacidade de produção de farelo de soja, o que é excelente, porque processando o produto a gente gera mais emprego e passa a agregar mais valor. Precisamos incentivar muito a produção local”, comentou o empresário.
Conforme o empresário, houve um aumento no preço dos insumos, o que refletiu diretamente na produção do milho, que para ser cultivado utiliza muito a ureia, que sofreu maior reajuste. “O custo de produção do milho aumentou em torno de 35% em relação à safra do ano passado. Mas a produção está excelente, mesmo existindo uma redução de ganho para o produtor que vai ganhar menos por hectare, pois o aumento que teve no insumo não é o mesmo que houve no preço do milho”, esclareceu Paludo.
Briga entre China e Estados Unidos reduz preço da soja em RR
Ermilo Paludo: “Essa redução é péssima, porque tivemos um aumento no preço dos insumos” (Foto: Diane Sampaio / Folha BV)
A saca de soja reduziu de preço em Roraima. No ano passado o saco com 60 quilos era comercializado por R$ 85 e hoje o preço está variando entre 79 a 80 reais. Essa redução, explicou o presidente da Associação de Produtores de Soja de Roraima, Ermilo Paludo, é por conta de briga comercial entre Estados Unidos e a China, o que criou uma instabilidade grande no mercado internacional, fazendo que houvesse uma redução no preço do produto.
“Essa redução é péssima, porque tivemos um aumento no preço dos insumos. A China está aumentando a área de plantio, então esse país demandou por mais insumos, e o mercado mundial, de forma geral, subiu o preço do potássio, do fósforo, da ureia, e esse aumento é de no mínimo 30% este ano”, disse Paludo.
O empresário afirmou que os produtos agrotóxicos também subiram de preço, porque houve um problema na China, maior produtor de matéria prima para a indústria química, com maior rigor na fiscalização ambiental e fechamento de fábricas. “Então houve escassez de matéria prima para a produção de defensivos agrícolas e, consequentemente, o preço subiu”, disse. (E.R)
Clima tem forte influência na produção de soja e milho
Para o empresário Ermilo Paludo, o clima é a variável que tem mais peso na produção de soja e milho, porque não pode ser controlado pelo homem. “Até que pode, em se tratando de produção agrícola, mas pelo agricultor que tenha pivô para irrigação”, disse. Ele citou como exemplo, os Estados Unidos, onde ocorreu muita chuva, que afetou e retardou o plantio de milho, influenciando diretamente na produção.
“Então há uma expectativa de quebra de safra americana. Para nós aqui, este ano, o clima está um pouco atípico. Na nossa região choveu em torno de mil milímetros em maio, totalmente fora da média que é em torno de 300 milímetros para Mucajaí. Ou seja, em maio, junho e julho chove entre mil e 1.200 mm e só em um mês choveu mil milímetros. Ficamos com dificuldades de entrar na lavoura, não se pode plantar com terra muito úmida, pode atolar trator. Acho que a mudança climática é quem tem maior peso, porque não pode ser controlada pelo homem”, comentou.
Segundo ele, essa quebra de produção de milho nos Estados Unidos é boa para Roraima e para o mercado mundial a tendência é subir os preços. “Não estamos desejando que eles [Estados Unidos] tenham fracasso, mas o mercado é globalizado. Se ocorrer um fator na China e nos Estados Unidos, vai interferir aqui. A safra brasileira no Centro-Sul, que planta de setembro a outubro, também terá influência no mercado. Nós não teremos influência no mercado porque nossa área é muito pouco significativa para o Brasil, mas o Centro-Sul interfere demais nos preços”, afirmou Paludo. (E.R.)