Cotidiano

Aumenta número de apreensões de armas de fogo, inclusive de propriedade da polícia

Assaltantes têm sido presos com armas da própria polícia, revelando um fato preocupante que até agora não chamou à atenção das autoridades

O número de apreensões de armas de fogo em Roraima triplicou nos últimos anos. Estatística divulgada pela Secretaria de Segurança Pública (Sesp) aponta que, em 2013, foram apreendidas 21 armas em todo Estado. Este ano, apenas de janeiro a setembro, já totalizaram 57 apreensões, o que representa um aumento de 170%. Os modelos variam de revólveres a pistolas, além de espingardas de grosso calibre.
Um fato chama à atenção das autoridades nos casos registrados: algumas armas apreendidas com assaltantes fazem parte do material bélico da própria polícia. No final do mês passado, por exemplo, policiais rodoviários federais prenderam um agricultor com droga, uma pistola ponto 40 com numeração raspada, da polícia, e farta munição.
O infrator fumava maconha e dirigia pela BR-174, sentido Sul, quando foi parado no posto de fiscalização do Água Boa. Na delegacia, ele disse ter comprado a arma de um presidiário que teria sido morto em 2013. Apesar de não ter convencido, o agricultor pagou fiança e foi liberado. A pistola virou peça de inquérito policial e agora está à disposição da Justiça.
Em meados deste ano, um foragido da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc), zona rural, foi preso após assaltar um comércio na zona Oeste da cidade. Ele também portava uma pistola da polícia. Mais um inquérito aberto.
No dia 7 de outubro passado, agentes de elite da Polícia Civil desarticularam uma quadrilha de assaltantes que agia na Capital. O bando atacava principalmente comércios em bairros da zona Oeste. Houve troca de tiros. Um ladrão que foi atingido estava armado com revólver da própria polícia. O caso também está sendo investigado.
Em meados de setembro deste ano, policiais rodoviários federais prenderam cinco assaltantes no Município de Rorainópolis, Sul do Estado. Dois deles eram menores de idade e um portava uma pistola ponto 40 de uso restrito da polícia.
Os bandidos se armam e o número de assaltos aumentou 53% em Boa Vista, comparados os oito primeiros meses de 2013 e 2014. No ano passado foram registrados 1.070 casos. Este ano, até o mês passado, foram registrados 1.640 ataques.
CAUTELA – O armamento da polícia é repassado às instituições pela Secretaria de Segurança Pública (Sesp). Cada instituição repassa a arma em forma de cautela para o agente de segurança e para o policial militar, que ficam responsáveis pelo armamento e munição.
No caso de extravio da arma, a instituição que fez a cautela deve abrir sindicância para investigar. Caso a arma pública seja apreendida em poder de bandido, deve-se abrir um inquérito policial. A arma então vira peça do inquérito e fica à disposição da Justiça.
Na Polícia Militar, quando há extravio de arma, a Corregedoria fica responsável pela abertura de um Inquérito Policial Militar (IPM). O caso então passa a ser investigado. O Ministério Público do Estado (MPRR) deve ser comunicado tanto pela PM quanto pela Polícia Civil quando uma arma é extraviada.
A Folha entrou em contato com o MPRR, mas a Assessoria de Comunicação se limitou a falar que o órgão ministerial acompanha os casos de sumiço dessas armas. (AJ)