Cotidiano

Aumentam dívidas na agricultura familiar

Conforme dados do Banco da Amazônia, dez dos 15 municípios do Estado acumulam dívidas que ultrapassam os R$ 4 milhões

A taxa de inadimplência nas contratações de crédito oferecido por meio do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) pelo Banco da Amazônia S.A (Basa), em Roraima, cresceu durante o primeiro semestre de 2015 e atingiu o patamar de 30%. O percentual só é menor que no Estado do Amazonas, onde o índice de inadimplência é de 50%.

De acordo com dados do Sistema de Informação Dinâmica do Basa, dez dos 15 municípios de Roraima que solicitaram crédito pelo banco se encontram em situação irregular. Em Alto Alegre, 46,20% dos produtores rurais beneficiados pelo Pronaf estão inadimplentes. Na lista, constam ainda os municípios de Amajari, com 69,25%; Bonfim, que possui 57,28% de agricultores endividados; Caracaraí, com 45,80%, além de Iracema, que tem a maior taxa de inadimplentes, com 79,04%; Mucajaí, com 39,61%; Normandia, com 16%; Caroebe, que possui 8,38%; e Boa Vista, com 33%.

Somando a dívida de todos esses municípios em situação de inadimplência, o calote ultrapassa os R$ 4 milhões somente este ano. Segundo o superintendente do Basa, Miguel Nuno Seiffert Simões, a instituição trabalha com uma metodologia de crédito do agricultor inadimplente a partir de 90 dias. “A carteira de crédito do Pronaf em Roraima vence depois de três meses. Este ano, essa taxa já ultrapassa os 30%”, frisou.

Conforme ele, vários fatores contribuíram para deixar os agricultores familiares endividados. “Isso tem muito a ver com as situações do fator climático. Oito municípios decretaram situação de emergência por conta da estiagem e os agricultores foram obrigados a pedir crédito”, explicou.

Para tentar reduzir a dívida a níveis aceitáveis, o superintendente anunciou que a inadimplência será tratada, a partir deste mês, com a prorrogação do prazo por adesão em aditivo. “Isso está sendo tratado no banco de forma que esse devedor volte para a adimplência”, destacou.

Em caso de não pagamento da dívida, Simões comentou que os municípios com inadimplência acima de 10% ficam prejudicados e não poderão receber crédito novo por meio do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA). “A questão envolve o Pronaf. Em outras linhas de crédito, a inadimplência é menor. No fomento, é acima de 6%, e com recursos próprios é muito abaixo de 2%”, ressaltou.

Além do setor rural, onde vários setores, como pecuária, custeio agrícola e agricultura familiar, são beneficiados pelas contratações de crédito, o Banco da Amazônia investe no setor de indústria e da micro e pequena empresa. “Acreditamos que até o fim do ano a gente consiga aplicar no exercício de 2015 um valor superior a R$ 100 milhões. Somente no primeiro semestre investimos R$ 3 milhões na agricultura familiar e R$ 5 milhões no apoio às pequenas empresas”, frisou. (L.G.C)