Setembro Amarelo é o mês dedicado à prevenção do suicídio. No Brasil, a campanha teve início em 2015 e visa sensibilizar as pessoas sobre essa temática e evitar o seu acontecimento. No dia 10 é comemorado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
Dados divulgados em julho deste ano pelo DataSUS apontam que o número de casos de suicídio no Brasil subiu de 7 mil para 14 mil nos últimos 20 anos, resultando em mais de um suicídio cometido a cada hora, sem contar casos não notificados. Trata-se de um resultado maior do que mortes por acidentes de moto ou por HIV no mesmo período, o que acende um alerta sobre o tema e sua prevenção.
Em Roraima, apenas no primeiro semestre deste ano, foram cometidos 35 suicídios. Número superior ao mesmo período de 2021, com 34 casos. Em 2022, o mês em que mais pessoas tiraram a vida foi em janeiro com oito casos, seguido de julho com sete e abril, maio e junho com cinco casos.
Dos 35 casos, cinco foram do sexo feminino e 30 masculino, com idades entre 12 a 84 anos. As mulheres tinham idades entre 12 a 25 anos e os homens de 13 a 84. Quatro casos foram de venezuelanos, sendo três homens e uma mulher.
Já em 2021, nos 12 meses, foram contabilizados 64 casos. O mês em que mais houve registro foi em outubro com 10 casos, seguido dos meses de junho e setembro ambos com sete.
Dos 64 casos, 48 do sexo masculino e 16 do sexo feminino, com idades entre 11 a 68 anos. As mulheres tinham idades entre 11 a 48 anos e os homens de 15 a 68 anos. 10 casos foram envolvendo venezuelanos, sendo uma jovem, de 19 anos, e nove homens.
Setembro Amarelo
Neste mês, são realizadas discussões e fortalecimentos de ações que informem a população e que ajudem a prevenir o ato. Além disso, são organizadas caminhadas e alguns locais são decorados com a cor amarela.
Nota-se que ainda existe um tabu em torno do tema. “É importante orientar a sociedade a como identificar sinais de alerta e como ajudar pessoas com risco de cometer suicídio é muito importante”, disse a psicóloga Georgia Moura.
Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, organiza a campanha Setembro Amarelo, que tem como foco a prevenção do suicídio.
A importância da informação e de uma rede de apoio
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mesmo antes da pandemia de Covid-19, que gerou aumento expressivo nos casos de transtornos mentais, quase 1 bilhão de pessoas viviam com algum transtorno. Na América Latina, a piora da desigualdade, violência e ineficiência de planos de prevenção fez com que, no primeiro ano da pandemia, as taxas de depressão e ansiedade subissem 25% em um momento em que os recursos de saúde estavam direcionados ao combate da Covid-19.
Apesar de a pandemia ter intensificado desafios já existentes, com o aumento de doenças, imposições sanitárias, mudanças do estilo de vida, entre outros, houve também, no período de 2019 a 2021, um aumento no compartilhamento de informações na internet sobre cuidados com a saúde mental e suicídio. “Esta troca de informações é positiva, pois como estamos nos comunicando e nos organizando enquanto indivíduos e enquanto sociedade é o que determina o impacto que sofremos”, disse a psicóloga.
Intensa identificação com problemas e incapacidade de ser ver separado deles
Em alguns casos, a pessoa com ideação suicida deixa claro em seu discurso a insatisfação pessoal por meio de queixas constantes, comparações em que se vê em posição inferior e/ou como vítima. Os pensamentos suicidas têm relação direta com o desejo da não existência e podem ser desencadeados pela resistência ou dificuldade em lidar com a dor ou adversidades da vida, independente se a causa for a depressão, ansiedade ou mania.
Nesse sentido, existem alguns sinais que merecem atenção. “Pela minha experiência, pessoas com um nível de ansiedade grande tendem a se isolar do contato social, enquanto que as com depressão podem se tornar extremamente falantes na tentativa de disfarçar sentimentos”, explicou.
Tratamento psicológico e rede de apoio
Quando a pessoa dá sinais de alerta, a busca por um (a) profissional de saúde deve ser imediata, visando apoiar o processo de reabilitação, a busca por um tratamento que ajude a aumentar os fatores de proteção e diminuir os riscos de suicídio. Além disso, quanto mais pessoas envolvidas no processo de tratamento de pessoas com ideação suicida, melhor!
“O processo de pensar sobre o suicídio ocorre de maneira cíclica, na interação entre corpo e mente, e geralmente envolve um ciclo de alimentação e sono ruim que prejudicam a qualidade da produção hormonal, provocam pensamentos negativos e sentimentos de estresse e angústia, prejudicando a qualidade de vida em um círculo vicioso. Por isso, nossos cuidados devem sempre envolver a saúde física, mental e espiritual”, destacou.
Falar e saber mais sobre saúde mental deveria fazer parte da nossa educação de base. Estudos mostram que algumas ferramentas ajudam a melhorar a saúde mental, como é o caso da meditação e a prática da atenção plena (mindfulness).
Vale lembrar que algumas pessoas não dão sinais de ideação suicida. Contudo, ao se deparar com uma pessoa com problemas de saúde mental, a melhor forma de ajudar é oferecendo escuta atenta, presente e respeitosa e, dentro do possível, ajudar a pessoa a encontrar o melhor caminho para o tratamento.
Valorização a vida
O Centro de Valorização da Vida fornece apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. Os contatos com o CVV são feitos pelos telefones 188 (24 horas e sem custo de ligação), ou pelo site www.cvv.org.br, onde é ofertado atendimento por chat e e-mail.
O atendimento é feito por voluntários. Os plantonistas em Boa Vista podem atender ligações de todo o Brasil e vice-versa.