Cotidiano

Autismo ainda é alvo do preconceito

Além dos olhares da desinformação, faltam profissionais capacitados para lidar com o problema até mesmo nas escolas

Problema neurológico, caracterizado pelo comprometimento da interação social, o autismo ainda é uma barreira enfrentada principalmente por pais de crianças que possuem o transtorno.  A falta de profissionais capacitados em lidar com o problema é o maior desafio, além do preconceito encarado no dia a dia.
Na semana em que se comemora o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, lembrado nesta quinta-feira, 02, pais e especialistas na área comentaram sobre o assunto. Para a pedagoga Janete Tavares, a consciência deve partir primeiramente dos adultos. “Tem que ser vista uma maneira de fazer com que os pais compreendessem que não é deixando o filho em casa que ele vai melhorar. Primeiro tem que ser feito um trabalho para eles saberem que são capazes e conviverem socialmente, na rua ou na escola”, disse.
Segundo ela, em Roraima, a falta de profissionais especializados dentro das escolas dificulta a socialização das crianças que sofrem com o transtorno. “Não temos especialistas que cuidem desses alunos especiais nas escolas. Muitos não têm paciência ou não sabem como educar”, afirmou.
De acordo com a pedagoga, a sociedade não está preparada para olhar uma pessoa autista sem preconceito. “Infelizmente, estamos regredindo no assunto. Vemos pessoas com maldade em tudo, que não abrem a mente para o assunto. Às vezes, a própria família daquele autista mostra preconceito e, se não trabalharmos em cima disso e mostrar que todos são iguais, talvez isso nunca mude”, destacou.

Para os pais, inclusão dos filhos é a maior dificuldade
A fisioterapeuta Lauricélia Carneiro tentou matricular, em vão, o filho Breno Aguiar, de 02 anos, que sofre com o grau de autismo leve, em uma escola particular. A inclusão não surtiu efeito e ela desistiu da ideia. “Nós colocamos ele na escola, mas a inclusão não deu certo. No papel, é tudo muito bonito, mas na prática não é tão fácil porque é necessário o auxílio de pessoas que saibam lidar com a criança”, comentou.
A mãe percebeu o problema do filho pouco depois de ele completar 01 ano, e procurou ajuda de especialistas para enfrentar a situação. “Quando ele nasceu, logo percebi que não tinha interação na mamada, era muito raro. E com o passar dos meses, fui observando um atraso no desenvolvimento dele. Procurei ajuda de um psicólogo e uma neuropediatra, e constatamos que ele tinha autismo”, disse.
Apesar das dificuldades, ela afirmou que o dia a dia com o pequeno Breno é tranquilo. “Como já trabalhava na área e sabia um pouco sobre o assunto, foi mais tranquilo para mim. Trabalho com ele o dia inteiro, tive que sair do meu emprego pela dificuldade de achar pessoas capacitadas. Faço várias atividades com ele e tento dar o melhor estímulo para conviver normalmente”, frisou. (L.G.C)