Cotidiano

Avenida Raimundo Rodrigues Coelho deve ser asfaltada no próximo ano

Moradores convivem há anos com poeira, lama e sujeira; alunos da Escola América Sarmento passam pelos mesmos problemas

Sofrendo há anos com a poeira, lama, sujeira e todos os outros problemas da Avenida Raimundo Rodrigues Coelho, bairro Pintolândia, na zona Oeste da cidade, os moradores do local sonham com o asfaltamento da via. Para eles, a novidade: com a aprovação do programa Calha Norte, a via receberá até o próximo ano obras de pavimentação e o asfaltamento.

A previsão, de acordo com a Prefeitura de Boa Vista, é de que o processo de licitação seja aberto em 2016 e, posteriormente, seja dado início às obras na avenida, uma das principais vias do bairro e a única da região que não tem asfalto.

Quem também sofre com a situação são os alunos e professores da Escola Estadual América Sarmento Ribeiro. Eles alegam que a escola é coberta de barro devido às condições da via. “Nossa escola, que era branca, agora é laranja. Tudo é coberto por esse barro vermelho, parece que tá o tempo todo suja”, disse a estudante Daphine dos Santos, 16 anos. Ela explicou que em dias de chuvas a escola vira um lamaçal. “A gente pisa na lama e entra na escola, não tem outro jeito. Fica tudo sujo, é horrível”, ressaltou.

Moradora do bairro desde que nasceu, ela alega que nunca viu uma obra de fato na avenida. “Minha avó mesmo diz que nós somos esquecidos. Aqui ainda tem uma vala que corta a avenida. Na verdade acaba, porque é impossível passar para o outro lado”, disse a estudante. “Nunca vi ninguém limpando, é cheia de lixo e mosquito ali e ninguém faz nada. Na verdade, a própria população só joga mais lixo”, considerou.

A dona de casa e aposentada Maria Aparecida, 69 anos, confirmou os problemas e ainda destacou que os moradores se sentem desgostosos com o local. “A gente vê que, ruim ou não, todas as outras ruas do bairro têm algum tipo de asfalto. Na nossa não. É desanimador, já vi muito vizinho ir embora porque tem mais despesas para manter a casa limpa do que com o aluguel ou com a casa”, disse.

“A gente tem esperança de que asfaltem aqui, limpem aquela vala que só traz sujeira. Essa escola mesmo [disse referindo-se à Escola Estadual América Sarmento Ribeiro] é colégio de votação. Nas eleições passadas, caiu uma chuva e a lama impediu muita gente de ir votar, além da sujeira e das doenças que ela pode transmitir. Então a gente pede que, se não é pela população, que os políticos façam pelo menos por quem coloca eles lá no poder”, considerou a aposentada.

CALHA NORTE – O Projeto Calha Norte é um programa de desenvolvimento e defesa da Região Norte do Brasil, idealizado em 1985 durante o governo Sarney, que previa a ocupação militar de uma faixa do território nacional situada ao Norte da Calha do Rio Solimões e do Rio Amazonas. Atualmente, é subordinado ao Ministério da Defesa do Brasil, sendo implementado pelas Forças Armadas.

Com 160 quilômetros de largura ao longo de 6,5 mil quilômetros de fronteiras com a Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela e Colômbia, essa faixa abriga quase 2 milhões de pessoas e ocupa 1,2 milhão de km², uma área correspondente a um quarto da Amazônia Legal e a quase 15% da área total do país.

O Programa atualmente atende a 194 municípios em seis estados, sendo que destes, 95 municípios ficam em área de fronteira. O argumento usado para a implementação desse projeto é “fortalecer a presença nacional” ao longo da fronteira amazônica, tida como ponto vulnerável do território nacional. (J.L)