Cotidiano

Aves estão morrendo, diz funcionário

Araras, papagaios e mutuns há uma semana só comem caju; outros bichos também estariam sofrendo maus-tratos

Funcionários do Bosque dos Papagaios, no bairro Paraviana, zona Norte, denunciam que os animais não estão recebendo os devidos cuidados veterinários. Segundo eles, algumas aves já teriam morrido por falta de uma alimentação balanceada. Ontem, por exemplo, araras, papapagaios e mutuns só comeram caju. Era a única fruta espalhada pelo chão da gaiola.
“Duas aves morreram recentemente, entre elas uma arara vermelha. A gente acredita que foi por falta de uma alimentação balanceada. Todos os dias só dão caju colhido aqui mesmo. Os bichos não recebem mais as consultas veterinárias, como ocorria antes, com frequência”, denunciou um servidor municipal, que preferiu não se identificar.
O bosque, de responsabilidade da Prefeitura de Boa Vista (PMBV), está com aspecto de abandono. Algumas trilhas já foram tomadas pelo mato. Os quiosques também estão fechados e alguns já foram parcialmente depredados. O parquinho com gangorras e balanços quebrados coloca em risco a vida das crianças. Antes, o parque era um espaço verde e ponto turístico da cidade, procurado para caminhadas e até para estudos. Mas atualmente o local só serve para viciados.
“Como a área é grande e escura, os viciados pulam o muro para usar droga aqui dentro. Já denunciamos várias vezes, mas o problema continua. Os guardas munuicipais não fazem ronda nas trilhas e só ficam nas imediações da secretaria”, comentou.
Quando abriu as portas, em julho de 2009, o parque ecológico abrigava mais de 40 animais, entre répteis, mamíferos e aves. Hoje eles não chegam a 20. A maioria dos bichos foi apreendida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). As aves, em especial, estavam machucadas em cativeiros, por isso não tinham mais condições de voltar à natureza.
No começo, os animais se alimentavam com o que era doado por comerciantes e feirantes. A alimentação era feita de acordo com a espécie. As aves comiam frutas, sementes e castanhas. Alguns animais recebiam até rações.
No local, antes, também era comum encontrar pessoas caminhando ou se exercitando, respirando um ar puro. Também era comum ver tamanduás-bandeira, iguanas e até corujas no bosque, que funcionava de terça a domingo, pela manhã e à tarde. A entrada era gratuita.
SEM RESPOSTA – A Folha mandou e-mail, ontem à tarde, à Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Boa Vista (PMBV), mas até o encerramento da matéria, às 18h45, não houve resposta. (AJ)