Cotidiano

Avó de brasileira presa faz apelo às autoridades para resolver impasse

Um advogado cobrou R$ 15 mil para pegar o caso, mas os brasileiros terão que aguardar 45 dias para audiência. A avó pede às autoridades que interceda

A avó da brasileira que foi presa, no início do mês de setembro, na cidade de Santa Elena, fronteira do Brasil com a Venezuela, Helena Carvalho Oliveira, procurou a Folha para fazer um apelo às autoridades brasileiras no sentido de ajudar nos trâmites para tirar a neta, o marido e o amigo da prisão.

A neta, Ana Cássia da Silva Oliveira, foi presa pela polícia Venezuelana juntamente com mais duas pessoas ao abastecer o veículo em que estavam, numa residência, em Santa Elena. Na Venezuela, é crime ambiental o abastecimento fora dos postos de combustível legalizados.

Helena Carvalho afirma temer pela saúde da neta, uma vez que na prisão onde está na Venezuela não é servido nenhum tipo de alimentação, além do estado emocional em que os brasileiros se encontram.

“No dia que a mãe dela chegou lá, eles estavam há dois dias sem comer. Porque lá não dão nada, se você tiver dinheiro, você. Ninguém dar nada. Ela está passando uma dificuldade muito grande lá. Fala em desistir da vida. Diz que não nunca tinha feito nada para viver aquilo”, lamenta a avó.

Segundo ela, um advogado concordou em pegar o caso de Ana Cássia, mas o preço pelo serviço é muito alto e a família não tem como pagar. “Um advogado se prontificou para ajudar. Mas cobrou R$ 15 mil e tem que esperar 45 dias. Ninguém tem esse dinheiro, só se a gente vender o barraco que tem. Aí fica difícil”, comentou.

Diante dessa dificuldade, dona Helena espera sensibilizar as autoridades para buscar uma forma de resolver essa questão. “Eu queria que alguma autoridade tivesse compaixão por a gente. A gente não tem condições. Não tem dinheiro. Então só o governo para ajudar a tirar ela de lá”, acredita.

 

Deputado afirma que Venezuela pratica “indústria de prisões” para extorquir brasileiros

O deputado Oleno Matos (PDT) já solicitou a criação na Assembleia Legislativa de uma Comissão Temporária Especial Externa, formada por parlamentares, para acompanhar as investigações e conhecer de perto as condições em que estão os brasileiros no país vizinho.

Ao pedir apoio dos demais colegas para criação da Comissão, o parlamentar afirmou que mais de 10 brasileiros estão presos de forma injusta no país vizinho, conforme relatos de moradores de Pacaraima, município localizado na fronteira Brasil/Venezuela. Eles teriam sido presos pela Guarda Nacional em retaliação à prisão de um guarda venezuelano, acusado de assalto a mão armada em um comércio em Pacaraima, nos últimos dias.

“O Exército e a Guarda Nacional Venezuelana há tempos vem dispensando tratamento vexatório, constrangedor e, em alguns casos, desumanos aos brasileiros que atravessam a fronteira. A questão das prisões ilegais e arbitrárias ocorridas em Santa Elena nos leva a concluir que existe uma ‘indústria de prisões’ nos país vizinho, onde brasileiros são presos e suas famílias muitas vezes precisam pagar para a polícia venezuelana, a fim de que eles sejam soltos”, declarou o deputado.

Oleno completou ao afirmar que as prisões consideradas clandestinas, remetem a uma grave ofensa a um dos fundamentos principais do Estado Democrático de Direito que é a dignidade da pessoa humana. Os jornais locais noticiaram vários casos com repercussão nas redes sociais.

“Conclamo a todos os nobres colegas parlamentares que também se sensibilizem com esta causa, para que juntos possamos não medir esforços para colaborar com o nosso Estado em sua função social de proporcionar a dignidade aos brasileiros presos em Santa Elena do Uiarén”, disse.