Cotidiano

Bancários decidem voltar ao trabalho

Depois de uma quinta-feira de muita reclamação por parte do público, agências funcionarão normalmente a partir de hoje

A greve dos bancários chegou ao fim em Roraima depois de 29 dias. A decisão de retomar as atividades foi tomada ontem, no início da noite, durante assembleia realizada na sede do Sindicato dos Bancários (Sintraf-RR), no Centro. Os trabalhadores aceitaram a proposta da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

A partir de hoje todas as agências do Estado funcionarão normalmente das 9 às 15h em Boa Vista.  O vice-presidente do Sintraf, Glayson Matos, disse que aproximadamente 600 bancários receberão reajuste de 8% de aumento no salário, mais abono de R$ 3,5 mil, aumento de 10% no vale alimentação, 15% no vale refeição e 10% no auxílio creche e babá.

Inicialmente, o movimento grevista reivindicava a proposta de 14,71% de data base, participação nos lucros, fim das demissões, contratações de mais empregados, abertura de agências, extinção de metas abusivas e criação de cargos e salários.

Durante o período de paralisação, os atendimentos estavam sendo feitos por meio dos sites de cada banco na internet, nos caixas eletrônicos das agências e nas casas lotéricas, onde pagamentos e saques podem ser feitos com a utilização de cartão e senha.

Matos disse que as agências mantiveram até mais 30% dos funcionários prestando atendimento, principalmente para as pessoas com atendimento prioritário, como idosos, deficientes, gestantes e outras. “Foi feito o possível para manter os atendimentos, incluindo o pagamento do salário dos aposentados e pensionistas, assim como o pagamento do crédito social”, disse.

Nos demais estados do Brasil, a greve deste ano durou 31 dias e foi considerada a maior registrada desde 2004, quando os bancários paralisaram as atividades por 30 dias, conforme a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Matos pede para que a população deixe para procurar as agências a partir de segunda-feira para que não haja aglomeração de pessoas hoje, por ser o primeiro dia de funcionamento normal dos bancos após a greve. (A.D).

Dia foi marcado por confusão nos bancos

O último dia de greve dos bancários foi marcado por agências bancárias superlotadas. Houve tumultos de pessoas insatisfeitas com as longas filas nos caixas eletrônicos e com a ausência de funcionários. Na agência da Caixa Econômica Federal (CEF) do Centro, idosos, deficientes físicos e pessoas vidas do interior do Estado aguardavam desde as primeiras horas para sacar benefícios e salários.

Os que necessitam sacar o dinheiro diretamente no caixa, mediante atendimento pessoal, eram os que precisavam fazer desbloqueios ou novas solicitações de cartões. Um dos maiores motivos de indignação da maioria dos clientes que protestavam era o fato de não haver nenhum funcionário prestando atendimento no período da manhã.

“Não tem funcionário nos atendendo e todos precisamos sacar nossos salários. Os 30% dos bancários deveriam estar aqui, conforme exige a lei”, reclamou o funcionário público e deficiente físico Verner Marques, de 47 anos. A aposentada Maria Alves de Souza, 70 anos, que é diabética, aguardava desde as primeiras horas da manhã na agência e, por volta de 11 horas, continuava em pé aguardando atendimento sem haver nenhum posicionamento do banco.

Os ânimos estavam exaltados e os clientes se aglomeram próximos à porta giratória com detector de metais. Muitos gritavam, falavam alto e exigiam a presença de funcionários do banco. As maiores dificuldades estavam sendo enfrentadas por pessoas vindas de cidades do interior e de comunidades indígenas, que contavam com o dinheiro para retornar às suas regiões.

“Meu cartão venceu e quero fazer uma nova solicitação. Por isso, não consigo tirar dinheiro no caixa eletrônico. Preciso sacar meu benefício para voltar para minha casa com meus filhos”, disse a pensionista Erlene Tomaz, 70 anos, da comunidade indígena Jacamim, na Serra da Lua, região do Cantá, Centro-Leste do Estado.

SUPERLOTADO – Outras agências estiveram lotadas de clientes durante todo o dia. Na agência do Banco do Brasil da avenida comercial Jaime Brasil, também no Centro, estava a estudante Leonilda Feitosa Lima, que é deficiente físico. Ela esperava numa extensa fila, com aproximadamente 30 pessoas, para pagar contas no caixa eletrônico destinado ao atendimento preferencial. “A greve faz com que as filas aumentem e algumas contas em atraso não podem ser pagas nas casas lotéricas”, reclamou.

Em outra agência do Banco do Brasil, na avenida Ataíde Teive, no bairro Asa Branca, Zona Oeste, clientes disseram que algumas pessoas se revoltaram e bateram bruscamente nos vidros da agência quando souberam que nem todos seriam atendidos por meio de senhas que estavam sendo distribuídas pela manhã.

A polícia foi acionada para evitar maiores problemas. No entanto, o gerente geral da agência, Alexandre Fávaro, disse que não houve nenhum incidente e que os atendimentos estavam sendo destinados aos que precisavam desbloquear cartões para que pudessem utilizá-los nos caixas eletrônicos.

“Até a semana passada todos foram atendidos e hoje estamos com apenas três funcionários dos 22 que atuam na agência. Reconhecemos que não é possível atender a todos”, disse o gerente enquanto estava rodeado de vários clientes insatisfeitos que exigiam uma solução para o problema.

CAIXA – A Folha tentou falar com o gerente da agência da Caixa, mas os seguranças informaram que ele não estava. Também foi feito contato por e-mail com a assessoria, mas não obteve resposta. (A.D).
    
População também enfrentou dia de transtorno do Sul de RR

Os moradores dos municípios de Rorainópolis e São João da Baliza, no Sul do Estado, também reclamaram dos transtornos ontem nas agências bancárias. Eles disseram que a greve prejudicou comerciantes e moradores. As dificuldades são ainda maiores para quem mora nas vilas.

“Moro na Vila do Equador e tenho que pegar uma van, ou ônibus, que sai às 5h, para chegar cedo no banco. Fico aguardando para ver se vou ter meu problema resolvido. Gastamos com transporte, alimentação, moto-táxi e muitas vezes estamos voltando para casa sem atendimento”, reclamou o aposentado João da Silva Feitosa.

Conforme os usuários das agências da Caixa Econômica Federal, os transtornos são maiores, pois a cidade de Rorainópolis, que possuía uma casa lotérica, não tem podido utilizar o serviço alternativo, pois a empresa se encontra fechada desde o final do ano passado e o único correspondente não tem dado conta de atender à demanda.

Para os moradores de São João da Baliza, os transtornos são ainda maiores, pois eles ficaram sem poder utilizar a maioria dos serviços bancários e a cidade não possui correspondente bancário. Eles dizem que a agência bancária não ofereceu os 30% do serviço que é exigido por lei.

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