Cotidiano

Barco hospital é encontrado destruído

O moderno barco hospital Garça do Rio Branco foi localizado totalmente deteriorado em um estaleiro de Manaus

Depois que a coluna Parabólica relatou que o Governo do Estado estava encontrando dificuldades para localizar o paradeiro do barco hospital Garça do Rio Branco, foi anunciado ontem que a embarcação foi localizada completamente destruída em um estaleiro de Manaus (AM).
Construído pelo então governo Neudo Campos no final da década de 90, o Garça era um moderno barco hospital equipado para o atendimento da população ribeirinha do Baixo Rio Branco, no Sul do Estado. Nos anos seguintes, o barco foi sendo abandonado e desapareceu sem que ninguém soubesse explicar o que aconteceu.
A governadora Suely Campos (PP) solicitou a localização do barco e um levantamento das condições físicas dele. Ela recebeu informação preliminar do relatório de auditoria do Patrimônio Público do Estado, confirmando que o barco foi localizado no Amazonas.
A embarcação de casco de alumínio, com corpo apropriado para navegação inclusive em períodos de verão mais forte, era equipada com consultórios médico e odontológico, além de uma sala para cirurgias de emergência. Mas tudo foi completamente destruído e o que restou está em um estaleiro no bairro do Tarumã, de propriedade de Adamael Abiatar, em Manaus (AM).
Segundo o ex-governador Neudo Campos, as condições que se encontram o Garça do Rio Branco demonstram o descaso que a gestão anterior teve com a população ribeirinha do Estado. “Foi uma questão política, em que buscaram me atingir, retirando de circulação uma embarcação que cumpria prontamente a função de levar assistência médica e odontologia à comunidade região. Mas não fui eu o afetado, e sim o povo de Roraima”, disse.
Por determinação da governadora Suely Campos, uma equipe do Patrimônio Público do Estado está estudando a estrutura da embarcação para saber se é possível aproveitar alguma coisa do que restou. “É algo inexplicável para quem tem responsabilidade de governar e, sobretudo, de cuidar da saúde de uma região isolada, como a do Baixo Rio Branco, que não tem estradas e o meio de transporte mais viável é o fluvial. Se não for possível recuperar, vamos licitar e comprar um novo barco pronto, desde que preencha todos os requisitos para oferecer o atendimento necessário à população da região”, disse.
Questionado sobre a viabilidade de recuperação ou aquisição de um novo barco hospital para atender a região, Neudo salientou que em primeiro lugar estão o bem-estar e a saúde do povo roraimense. “Não vamos medir esforços para reativar esse equipamento, pois sabemos que ele é viável e cumpria um papel primordial. Por conhecer muito bem a realidade das comunidades de Santa Maria, Sacaí, Terra Preta, Cachoeirinha, Caicumbi, Dona Cota e Remanso, todas completamente desassistidas, sabemos da importância de resgatar este barco. Muitas vezes, estive naquela região com a Suely e conhecemos de fato o que aquela gente passa”, destacou.
O relatório de viabilidade das estruturas do barco hospital deverá ser finalizado e encaminhado à governadora nos próximos dias, a partir de quando o governo vai definir quais procedimentos que serão tomados para reativar os atendimentos de Saúde no Baixo Rio Branco.
Em 2011, barco já havia sido ‘depenado’ em Santa Maria
O abandono do Garça do Rio Branco foi um processo lento. No ano de 2011, uma comissão de autoridades que visitou a região encontrou o barco ancorado em Santa Maria do Boiaçu já em completo abandono. À época, os ribeirinhos relataram que, ao longo daqueles anos, eles foram abandonados pelo Governo do Estado, tornando a situação das comunidades da região precária, desassistidas de saúde, educação e assistência social.
Por algum tempo, eles tiveram o apoio da Garça do Rio Branco, que fazia o atendimento médico e odontológico em todas as comunidades ribeirinhas. Naquele ano, os equipamentos do Garça foram retirados e reinstalados no Hospital de Santa Maria. Segundo a direção daquela unidade, aquela teria sido a única maneira de preservar e dar um destino útil aos equipamentos que estavam se deteriorando dentro do barco.