Cotidiano

Basa vai disponibilizar mais de R$ 273,3 mi para Roraima

Na manhã de ontem, 22, o Banco da Amazônia S/A, conhecido como Basa, anunciou o novo gerente da unidade de Roraima. Com a saída de Liércio Soares Silva, quem assume o posto é Daniel Moura, que chegou à capital depois de vir da zona do agronegócio, também chamada de Arco Norte, uma vez que trabalhava no município de Itaituba, onde está situado o Porto de Miritituba. Ele deu detalhes dos investimentos que devem ser feitos na Amazônia e em Roraima em 2019.

Moura informou que o volume de recursos disponíveis no Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), para este ano, quanto ao plano de aplicação global, dobrou. “Ano passado, a gente trabalhou com números na escala de R$ 5 bi para a Região Amazônica e neste ano a gente vai trabalhar com o plano de R$ 10 bi. Então é um volume de recursos muito grande. Para termos a dimensão, o BNDES [Bando Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] tem recursos de R$ 80 bi para aplicar no Brasil todo”, comparou.

Do total de recursos que o banco pretende investir na Amazônia, há um direcionamento mínimo, conhecido como Plano de Aplicação Regional dos Recursos do FNO, destinado para cada agência. Neste ano, há disponíveis para Roraima mais R$ 273,3 mi. O principal setor a ser assistido será Comércio/Serviço, que vai ficar com a fatia de R$ 112,2 mi; outra parte dos recursos será destinada para Infraestrutura (Energia Renovável, Saneamento e Logística) com R$ 75 mi; para o agronegócio, serão R$ 58,2 mi; na Indústria/Agroindústria, devem ser investidos mais R$ 20,4 mi; turismo, cultura e microempreendedores individuais irão dividir o restante dos recursos.

A meta do ano passado, conforme o Basa, era aplicar um montante de R$ 4,8 bi em financiamentos e o banco entregou um resultado final de R$ 5,1 bi.

“No mês de dezembro, a gente conseguiu fazer uma força-tarefa, quando o banco lançou o ‘Projeto Reação’, que fez com que toda a rede comprasse a ideia e dinamizasse o processo de análise e contratação de crédito. De forma surpreendente, aos ’45 minutos do segundo tempo’, conseguimos superar a meta estabelecida pelo governo e entregamos o Plano de Aplicação Total do Banco”, ressaltou Daniel Moura.

Em 2019, com o volume de aplicação em dobro, o gerente esclareceu que desde janeiro as equipes arregaçaram as mangas. A unidade em Roraima informou que está à disposição dos produtores, dos empresários dos mais diversos segmentos, que estão pensando em ampliar a estrutura, de custeio para a lavoura e de capital de giro para reforçar o negócio.

“Não existem condições de crédito melhores do que as nossas no mercado. A gente tem a taxa de juros mais barata. Para o empresário, a partir de 4,8% ao ano, o que dá cerca de 0,4% ao mês e com isenção de imposto. É o único banco que trabalha com isenção sobre operações financeiras”, acrescentou Moura.

Banco modernizou processo de análise de financiamento

Outro ponto relevante para quem busca financiamento são as facilidades empregadas pelo banco, inclusive em relação à maneira de aplicar os recursos. Daniel Moura explicou que o Basa passou por um processo de modernização em relação à análise e à esteira de crédito.

“A gente trabalha agora com a metodologia de análise de crédito, na grande maioria das vezes, sem precisar de projeto econômico financeiro, que é uma coisa que dá muito trabalho para fazer e tem um custo a mais para o produtor, além da morosidade que se tornava maior. Então, para custeio, para aquisição de máquinas, equipamentos, para capital de giro, todas essas propostas mais rápidas, a gente consegue atender sem precisar de projetista”, observou o gerente.

Outro ponto que beneficia os produtores rurais é que o título definitivo da terra não precisa necessariamente estar em mãos, porque o banco informou que consegue atender crédito rural a partir do protocolo de solicitação de regularização daquela área.

Além do FNO, o gerente esclareceu que o banco trabalha com outros fundos, no entanto, é preciso ficar atento para os critérios de aprovação de crédito. O Basa declarou que dá muita ênfase para a situação ambiental do cliente. Áreas que têm sobreposição com outras, superior a 5%, o banco restringe o financiamento, bem como de propriedades com mais de 50% de desmatamento, acima do estabelecido no Código Florestal.

“Se o produtor estiver desenquadrado dessa questão ambiental, mesmo que tenha a documentação, ele não consegue acessar os recursos de imediato. Ele teria que procurar uma forma de compensar, seja reflorestando ou procurando área de fora da propriedade dele”, salientou Moura.

Para fugir da burocracia, ele informou que desde 2017 o banco se baseia em dossiês eletrônicos e projetos digitais. Na hora de submeter à análise, vai tudo por meio eletrônico, derrubando a barreira da demora.

“Eventualmente, temos algumas dificuldades quando o projeto chega incompleto à agência. Para isso, o banco padronizou um ‘checklist’ [lista de verificações]. Os projetistas e consultores dos clientes têm acesso. Se tiver faltando algum item, o banco não recebe o projeto na agência. Devolve de imediato para não passar a impressão de que a demora é do banco, quando, na verdade, o vício está no próprio projeto elaborado pelo consultor”, instruiu Moura.

Superintendente regional do Basa diz que FNO é preferência

O superintendente regional do Basa, que responde pelas agências de Roraima e Amazonas, André Luiz Rodrigues Vargas, conversou com a Folha e revelou que todas as linhas de crédito dos outros fundos para a Amazônia podem ser contempladas pelo FNO. Ele revelou que onde tem o FNO, aplica-se sempre como primeira opção, porque as taxas são menores, as bases e condições operacionais, melhores, e os recursos geridos diretamente pela unidade.

Para alavancar a aplicação dos recursos junto ao governo do Estado, o presidente do Basa estará em Roraima no dia 19 de fevereiro, quando vai assinar intenções junto à gestão estadual para que se possam destravar alguns gargalos, como no setor primário, regularização fundiária e questão ambiental, o que julgam ser preciso para desamarrar o agronegócio. A mesma intenção está voltada para o comércio, considerando que empreender no Brasil, para Vargas, é difícil e na Amazônia Legal, mais desafiador ainda.

Para quem tem dificuldade de honrar os compromissos, o banco pediu que o produtor rural ou comerciante busquem relacionamento próximo, expliquem os motivos do descasamento no fluxo de gastos, para que se possa solucionar a inadimplência através de mecanismo legal.

“Tem a Lei 13.729 que concede benefícios para a liquidação das operações rurais contratadas até 2011, que pode chegar a 95% de desconto. Então, é importante, para quem já teve o benefício e está com dificuldade de inadimplência, regularizar e voltar a se relacionar com o banco para acessar essas linhas de financiamento. O produtor não pode ficar à margem disso. O produtor, principalmente o pequeno, tem que ter acesso às linhas de crédito”, orientou o superintendente regional.

DESPEDIDA – Liércio Soares Silva vai para Belém, no Pará, onde será gerente geral, o que ele diz ser um desafio maior. O ex-gerente da unidade de Roraima relatou que o Estado foi uma escola e que aprendeu durante os quase três anos que passou como primeiro gerente.

“Eu avalio o Estado com grande potencial. A gente sabe que Roraima precisa superar alguns desafios políticos, econômicos, de infraestrutura, mas a visão que temos é de que nos próximos meses, tudo isso será superado e vai ser uma grande oportunidade. Vai continuar crescendo”, elogiou Soares, que também fez agradecimentos aos produtores e comerciantes locais. (J.B)