A forma como são conduzidas as visitas dos ministros, seja do Supremo Tribunal Federal (STF) ou do Governo Federal, que vêm ao Estado para conhecer a situação migratória e a Operação Acolhida, está sendo alvo de críticas pela base governista, composta por 16 deputados estaduais. Os parlamentares alegam que as visitas são maquiadas e dizem que o mesmo acontecerá nesta quarta-feira quando chega a ministra Damares Alves.
De acordo com o líder da base, deputado Soldado Sampaio (PC do B), as agendas ministeriais têm sido construídas de forma a transparecer que a situação migratória está sob controle. “Ministro chega aqui, já vai para um local pré-definido, num ambiente totalmente maquiado, escolhido pelo comando da Operação Acolhida, que não transmite de fato a realidade que ocorre no Estado de Roraima”, disse.
Sampaio deixa claro que os parlamentares não são contra a Operação Acolhida, mas sim a forma como está sendo administrada. “A Operação Acolhida é muito bem-vinda, mas precisa ser rediscutida. Ela está longe de ser o suficiente para atender essa questão da imigração em nosso Estado e, em especial no tocante à saúde, à segurança e desemprego que atinge grande parte dos roraimenses. É preciso que o Estado seja ressarcido e ajudado em relação a esses gastos”, falou.
Os deputados contestam os gastos ‘exorbitantes’ da Operação Acolhida e cobram uma prestação de contas. “Já foram repassados R$ 500 milhões para a Operação Acolhida, divididos em duas etapas, e ninguém sabe ao certo como esse recurso milionário tem sido gasto. A saúde, segurança e educação têm sido custeados pelo Estado de Roraima, que, em contrapartida, não recebe um mísero centavo”, destacou o deputado Jeferson Alves (PTB), 2º vice-presidente da Assembleia Legislativa.
De acordo com os parlamentares, cerca de 80% a 90% dos recursos repassados pelo Governo Federal para a Operação Acolhida foram gastos com empresas fora de Roraima – na compra de insumos, alimentação e combustível – fazendo com que o Estado deixe de arrecadar impostos. Ainda de acordo com os parlamentares, os roraimenses estão presenciando uma “farra das diárias” com a vinda de mais de 500 militares para trabalhar na Operação Acolhida.
“O Estado exige respeito, queremos transparência. Não é possível que ministros venham a Roraima, visitem abrigos e o Governo do Estado e as prefeituras dos municípios afetados pela imigração desenfreada sejam os últimos a serem atendidos, a sentarem à mesa para debaterem os problemas e tentar encontrar soluções”, completou Jeferson Alves.
Composição – Além dos deputados Soldado Sampaio e Jeferson Alves, a base governista é composta pelos deputados Coronel Chagas (PRTB), Chico Mozart (PRP), Marcelo Cabral (MDB), Jorge Everton (MDB), Catarina Guerra (SD), Aurelina Medeiros (Podemos), Gabriel Picanço (PRB), Evangelista Siqueira (PT), Renan Filho (PRB), Neto Loureiro (PMB), Renato Silva (PRB), Éder Lourinho (PTC), Tayla Peres (PRTB) e Ângela Águida Portella (PP).